É impressionante a forma voraz como funciona a Comunicação Social portuguesa a pedido, a súplica, a necessidade. Depois de um ano louvando, com motivos, a genial época de Quim, um desses eternos mal amados, ninguém se pareceu preocupar com a sua dispensa e subsequente substituição por um guardião espanhol que está a anos-luz da média altíssima que exibem os "porteros" espanhóis na actualidade. Se a fama actual do grande momento que vive o futebol espanhol se deve essencialmente ao génio dos seus "bajitos", é impensável negar o brutal aumento qualitativo que se está a verificar quando se analiza, detalhadamente, a evolução desportiva, fisica e psicoloógica do guarda-redes espanhol. O que há uns anos era uma dor de cabeça, agora é uma fonte inesgotável de talento. Uma evolução espantosa que não conhece clubes, regiões ou faixas etárias particulares. Do nada, ou como se fosse, foram brotando os pequenos grandes talentos que hoje garantem que a melhor escola de guardiões da actualidade é, sem dúvida alguma a espanhola. Um titulo que já pertenceu a alemães, italianos e soviéticos, hoje todos bastante distantes da sua era dourada. Imaginar que qualquer um dos três campeões do Mundo convocados por Vicente del Bosque seriam titulares em quase 90% das selecções presentes no Mundial é dizer pouco do alto nível de qualidade que se vive no país vizinho. Para isso é preciso ver quantos ficaram de fora dessa lista. Mais do que Iker Casillas, Pepe Reina e Victor Valdés, verdadeiros génios entre os postes, é preciso não esquecer os Diego Lopez, Gorka Iraizoz, Manuel Almunia, David De Gea, Andres Palop, Sérgio Asenjo, César e afins que ficaram de fora. São eles o verdadeiro espelho desta geração. E nesta lista de 10 nomes não há espaço para Roberto Jimenez, o homem por quem o Benfica achou conveniente pagar 8,5 milhões de euros, uma cifra de recorde quando falamos do número 1. Particularmente deste.
Roberto Jimenez é herdeiro de uma celebre escola de guardiões, a do Atlético de Madrid. À beira do Manzanares nunca houve espaço para si.
A presença do argentino Leo Franco, do francês Gregory Coupet e depois de Sérgio Asenjo, uma das grandes promessas do futebol espanhol, foram sempre impedimentos para conquistar a afficion colchonera. Incapaz de mostrar aí o seu valor, Roberto teve de viajar por essa Espanha fora à procura de minutos. Esteve na triste campanha de despromoção do Recreativo de Huelva, onde passou sem grande brio. No ano passado, superado pelo jovem David De Gea, de apenas 19 anos, foi forçado a rumar emprestado ao Zaragoza, para disputar a segunda volta. Ajudou a equipa a manter a categoria, sofreu 17 golos em 15 jogos e não deixou particulares saudades.
Nem aí, nem em nenhum lado. Este ano não tinha clube, nem destino. Até que apareceu Jorge Jesus, preparado para ordenar outro profeta.
Depois de um ano onde manteve na baliza um constante foco de instabilidade, sempre mostrando pouca confiança no trabalho de Quim, o técnico encarnado conseguiu um dos seus principais objectivos. Garantiu a dispensa do internacional e mandou vir do país vizinho um guardião com pouca aura e algum potencial. Depois de ter contratado Julio César ao Belenenses, de manter Moreira e de andar pelo mercado juvenil a contratar um jovem guardião esloveno (Jan Oblak), o espanhol torna-se no terceiro "portero" que o técnico encarnado decide levar para a Luz. Num posto onde, precisamente, o que se procura é longevidade. E segurança. Essa segurança que Robertonunca deu no seu passado. Essa mesma (in)segurança que não tem dado no presente.
Mais do que os golos sofridos, e a forma como foram concedidos, é o olhar inseguro que delata Roberto. Não tem a frieza dos dez nomes acima citados, muitos deles com um valor de mercado infinitamente menor do que o Benfica decidiu pagar pelo guardião. E no entanto está aí, camisola com águia ao peito, preparado para suster os ataques rivais.
E se a liga portuguesa não é propriamente uma prova muito rematadora, particularmente com o sem número de equipas que gosta de rematar como quem controla as balas na camara da pistola, já o espectro europeu, onde este Benfica quer e deve fazer boa figura, o cenário muda claramente. E Roberto não parece ser, claramente, o homem certo para o trabalho.
Se a direcção e o técnico encarnado se mostraram hábeis no último defeso, com contratações cirúrgicas e acertadas, também é verdade que os erros de Jesus e companhia começam a subir de forma alarmante. Do lateral Patric que caiu rapidamente no desconhecimento, ao ineficaz Shaffer, sem esquecer Felipe Menezes, Kardec ou o próprio Júlio César, preterido uma vez mais, é fácil ver que a taxa de acertos e de falhos anda bastante mais equilibrada do que a tal Comunicação Social, cuja única missão é vender, custe o que custar, mais um jornal, nos quer fazer crer. Roberto até pode adaptar-se ao esquema encarnado, realizar uma época de sonho e ser vendido pelos muitos milhões que ninguém viu mas que muitos alardearam. Mas na era de ouro do desporto espanhol, no periodo mágico da vida dos "porteros", o seu nome não aparece por nenhum lado.
A presença do argentino Leo Franco, do francês Gregory Coupet e depois de Sérgio Asenjo, uma das grandes promessas do futebol espanhol, foram sempre impedimentos para conquistar a afficion colchonera. Incapaz de mostrar aí o seu valor, Roberto teve de viajar por essa Espanha fora à procura de minutos. Esteve na triste campanha de despromoção do Recreativo de Huelva, onde passou sem grande brio. No ano passado, superado pelo jovem David De Gea, de apenas 19 anos, foi forçado a rumar emprestado ao Zaragoza, para disputar a segunda volta. Ajudou a equipa a manter a categoria, sofreu 17 golos em 15 jogos e não deixou particulares saudades.
Nem aí, nem em nenhum lado. Este ano não tinha clube, nem destino. Até que apareceu Jorge Jesus, preparado para ordenar outro profeta.
Depois de um ano onde manteve na baliza um constante foco de instabilidade, sempre mostrando pouca confiança no trabalho de Quim, o técnico encarnado conseguiu um dos seus principais objectivos. Garantiu a dispensa do internacional e mandou vir do país vizinho um guardião com pouca aura e algum potencial. Depois de ter contratado Julio César ao Belenenses, de manter Moreira e de andar pelo mercado juvenil a contratar um jovem guardião esloveno (Jan Oblak), o espanhol torna-se no terceiro "portero" que o técnico encarnado decide levar para a Luz. Num posto onde, precisamente, o que se procura é longevidade. E segurança. Essa segurança que Robertonunca deu no seu passado. Essa mesma (in)segurança que não tem dado no presente.
Mais do que os golos sofridos, e a forma como foram concedidos, é o olhar inseguro que delata Roberto. Não tem a frieza dos dez nomes acima citados, muitos deles com um valor de mercado infinitamente menor do que o Benfica decidiu pagar pelo guardião. E no entanto está aí, camisola com águia ao peito, preparado para suster os ataques rivais.
E se a liga portuguesa não é propriamente uma prova muito rematadora, particularmente com o sem número de equipas que gosta de rematar como quem controla as balas na camara da pistola, já o espectro europeu, onde este Benfica quer e deve fazer boa figura, o cenário muda claramente. E Roberto não parece ser, claramente, o homem certo para o trabalho.
Se a direcção e o técnico encarnado se mostraram hábeis no último defeso, com contratações cirúrgicas e acertadas, também é verdade que os erros de Jesus e companhia começam a subir de forma alarmante. Do lateral Patric que caiu rapidamente no desconhecimento, ao ineficaz Shaffer, sem esquecer Felipe Menezes, Kardec ou o próprio Júlio César, preterido uma vez mais, é fácil ver que a taxa de acertos e de falhos anda bastante mais equilibrada do que a tal Comunicação Social, cuja única missão é vender, custe o que custar, mais um jornal, nos quer fazer crer. Roberto até pode adaptar-se ao esquema encarnado, realizar uma época de sonho e ser vendido pelos muitos milhões que ninguém viu mas que muitos alardearam. Mas na era de ouro do desporto espanhol, no periodo mágico da vida dos "porteros", o seu nome não aparece por nenhum lado.
Por algo será.