sábado, março 09, 2013

O PAPEL DOS TREINADORES NO ABANDONO PRECOCE NO DESPORTO:

O seguinte artigo, foi escrito por Pedro Teques, do Departamento de Psicologia e Comunicação a APEF
   No desporto, como em muitas outras actividades, os adultos podem ajudar as crianças e jovens a desenvolverem os seus interesses e a optimizar as suas capacidades pessoais.
O treinador de jovens apresenta-se como um excelente exemplo em como poderemos maximizar essas oportunidades. As crianças, de uma forma geral, querem ser bem sucedidas na actividade desportiva que escolheram para praticar. Se regredirmos à nossa infância, e colocarmo-nos nessa posição de ser criança no desporto, facilmente nos lembramos dos sonhos de glória – fazer o tal golo no último minuto. Cada movimento, cada remate, cada execução que é realizada num treino ou jogo, é um marco que pontificará na memória. Quando se desenvolve uma actividade desportiva com crianças, os adultos significativos (e.g. treinadores, pais) têm a oportunidade de auxiliá-las perante aquilo em que elas são mais vulneráveis – a competitividade precoce. Isto é, os treinadores, os pais, os dirigentes ou os juízes, podem desenvolver a competição sob a perspectiva de fomentar auto-percepções positivas e a auto-aceitação nas crianças. Estes adultos significativos são responsáveis pelo desenvolvimento do divertimento e do carácter, e rejeitar os abandonos precoces da prática desportiva. `Idealizando a figura do treinador neste sentido, ser treinador de crianças e jovens não se circunda, unicamente, sob a perspectiva metodológica do treino. Ser treinador de jovens é muito mais do que isso! Implica ter conhecimentos acerca do desenvolvimento da criança, compreender o seu pensamento e a sua cognição. Saber que as crianças e jovens que dirige e auxilia no desporto percepcionam-no como um modelo social a seguir e a respeitar. Geralmente, os treinadores de crianças querem fazer bons trabalhos, isto é, desenvolver talentos, optimizar capacidades técnicas, fazer a equipa jogar bem, etc. Em muitos casos, alguns desses treinadores são voluntários, que tiveram um passado na prática do futebol, que gostam do treino e do clube. Mas, um mau delineamento dos desígnios pedagógicos e didácticos no treino pode causar graves danos no futuro das crianças e jovens. O que, hoje em dia, de uma forma sucessiva tem vindo a acontecer, é o abandono precoce da prática desportiva.  Os treinadores são a figura principal no processo de formação desportiva da criança. A sua má conduta leva ao decréscimo da confiança e da motivação, criando uma barreira entre a criança e a prática desportiva que tanto gostava de praticar. Se foi fácil para um treinador esquecer o jovem atleta que abandonou a equipa a meio da época porque não jogava o suficiente, ou porque, não se divertia, talvez esse mesmo treinador veja, somente, o desporto a partir da vitória e da derrota, e das medidas para alcançar o sucesso rápido na formação. A formação dos treinadores de crianças e jovens em futebol é uma necessidade premente. Apesar de se verificar na bibliografia e na prática corrente, tentativas de suporte nesse sentido, a intervenção ainda é parca, face o evidente crescimento de instituições desportivas e, concomitantemente, de praticantes nelas envolvidos. O aumento da taxa de abandono desportivo precoce, por parte de crianças e jovens no futebol de formação, tem sido um sinal de sobreaviso para os responsáveis da formação desportiva, em especial, na modalidade do futebol. As seguintes linhas pretendem promover a reflexão no delineamento pedagógico dos processos de ensino/aprendizagem em futebol juvenil. Talvez se deva salientar aqui, que a competição desportiva, por si só, poderá ter vantagens (apesar de estar longe de ser o principal motivo, a competição tem alguma representatividade no padrão motivacional dos jovens), mas igualmente desvantagens. À competitividade, normalmente, estão associados o desapontamento, a “pressão” por parte de pais e treinadores, e a frustração. Possivelmente se ela for encarada do ponto de vista da formação perante aqueles que nela estão envolvidos, ela será vantajosa se promover a maximização da aquisição de conhecimentos e de capacidades, passando a ser desvantajosa se impedir ou perturbar o normal processo de aprendizagem.

No sentido de promover os benefícios da prática e do treino em futebol para as crianças e jovens, é importante ter em consideração as seguintes directrizes:

DISTINGUIR


Distinga as diferenças do desenvolvimento da criança.
As crianças diferem dos adultos nas capacidades fisiológicas, motoras, cognitivas e emocionais. Neste sentido, o treinador antevendo o crescimento e desenvolvimento da criança, deverá considerar como efectua a sua comunicação e como delineia as formas didácticas do treino. Por exemplo, quando observamos crianças de 6 ou 7 anos de idade a jogar futebol, facilmente é identificável a forma descoordenada como as crianças se posicionam em relação aos seus colegas e em relação á bola. A bola é o centro das acções. O pensamento da criança nesta idade não apresenta um desenvolvimento suficiente, no que concerne ao domínio espacial e dedutivo. É comum, observar-se em várias actividades os treinadores de crianças com estas idades: “Organizem-se!”, “Passa a bola!”, “Marca o jogador”, “Posiciona-te na defesa”.


UTILIZAR


- Utilize a comunicação positiva.
A utilização do reforço positivo apresenta-se como fundamental no ensino e prática de qualquer actividade com crianças. A comunicação é uma das áreas que o treinador, em qualquer nível competitivo, deverá saber dominar. As investigações demonstram que, no ensino e aprendizagem desportiva, a utilização do feedback positivo por parte dos treinadores resultam no incremento da motivação, auto-estima e do divertimento nas experiências desportivas de crianças e jovens.      

CRIAR


- Crie situações que desenvolvam a tomada de decisão.
Devem ser providenciadas situações para que os jovens atletas tomem as suas próprias decisões em contexto de treino e de jogo. A investigação afirma que a intervenção do treinador em jogo não deve ser contínua. Nesta circunstância, o treinador deve alternar entre a instrução técnica correctiva (não de forma sucessiva) e o reforço positivo (contingente a uma boa execução). Não raras vezes, observa-se que os treinadores de crianças enviam, constantemente, instruções para o campo, na tentativa de corrigir erros técnicos ou tácticos de jogo – Joga na direita!, Joga na esquerda! , Marcação ao homem!, em Toda a gente atrás da linha da bola – de uma forma quase contínua. Acontece que, a mensagem enviada pelo treinador, gradualmente, deixa de ter relevância. E, se tivermos em consideração, que as crianças têm, de uma forma natural, uma reduzida focalização da atenção, este tipo de comunicação por parte do treinador apresenta-se como ineficaz. Os treinadores deverão criar um ambiente que encoraje as crianças a tomarem decisões por si próprias. Terão que ver as decisões erradas como uma oportunidade para aprender.

IDENTIFICAR


- Identifique e persiga os verdadeiros valores da formação desportiva de crianças.
Tipicamente, os treinadores mais jovens iniciam a sua actividade com boas intenções. Querem que as crianças, sobretudo, se divirtam, desenvolvam novas capacidades e competências, e saibam avaliar a vitória e a derrota através do esforço dispendido para o jogo. Estes são, alguns dos valores, que se identificam como ideais para a formação e desenvolvimento biológico, psicológico e social no desporto. No entanto, o fascínio da vitória, por vezes, eclipsa estes objectivos primordiais da formação desportiva.

Os sinais são imediatos: menor rotatividade das crianças nos jogos; de uma forma sucessiva, vê-se as crianças a chorarem por terem perdido o jogo; comportamentos mais agressivos nos treinos; pais descontentes; entre outros.
Crie objectivos no início da época, e reveja-os durante a temporada. Para qualquer criança, o divertimento é jogar. Se questionar uma criança se pretende jogar na equipa que perde ou ficar no banco de suplentes da equipa que ganha, a maioria responderá que prefere jogar. Seja crítico para com o seu próprio comportamento. Reserve algum momento de reflexão após os jogos e após os treinos. Reveja o planeamento do treino. Verifique se os próprios objectivos formativos estão a ser cumpridos. As informações que retirará daqui mantê-lo-ão no caminho do alvo que formulou previamente.

PROCURAR
- Procure receber feedback do seu comportamento em treino. Para evoluirmos em alguma actividade, é importante termos recursos que nos informem acerca do nosso rendimento. Após os treinos ou jogos, questione os seus adjuntos acerca da sua prestação e da equipa, do clima, da coesão de grupo, etc. Encoraje-os a serem específicos, a darem exemplos práticos e concretos.  Questione os pais acerca do que os filhos dizem dos treinos e dos jogos. Os pais são um aliado para a formação desportiva! Verifique o sentimento das crianças durante a época.  Se eles estiverem hesitantes em falar, faça-os responder a alguns questionários anónimos. Podem incluir questões como, “ Se pudesses mudar uma coisa nos treinos para torná-los mais divertidos, o que seria? ” , “ Qual é o melhor e o pior comportamento que o treinador tem durante os treinos? ”,“ Onde achas que a equipa poderá melhorar? ”.
Não se esqueça, a motivação é o motor da prática desportiva.

ACEITAR
 -

Aceite a espontaneidade e o caos que caracterizam as actividades com crianças.
A espontaneidade e os comportamentos inesperados das crianças podem provocar frustração e um grande desânimo se o treinador se render à ilusão do controlo de todas as situações de treino. A realidade é que cada criança é única e, todos os dias, nos presenteará com um comportamento e uma expressão nova. E, cada criança tem um desenvolvimento e uma maturação distinta. È importante ter em consideração que o plano de treino traçado no início da época, não raras vezes, tenha que ser alterado no momento, e necessite de constante revisão. Considere um determinado nível de desordem como inevitável em actividades com crianças. Treinar crianças e jovens providencia uma excelente oportunidade para os influenciar, positivamente, nas suas vidas. Este facto, é extremamente importante, quando o treinador compreende o desenvolvimento das crianças em relação ás suas capacidades desportivas, vê as crianças como únicas e individuais, e interessa-se, constantemente, pela evolução dos processos de ensino e aprendizagem. Finalmente, ser um treinador de sucesso com crianças é continuar a aprender em cada treino e com cada criança, tornando-se cada dia, num treinador melhor.

Na sua opinião, quais são as maiores causas do abandono precoce do desporto pelas crianças?

E quais são as melhores formas de resolver esse problema?

ALERTA AOS TREINADORES:

Nunca deixem um jogador desorientado no campo

Qualquer atleta de desportos coletivos tem várias características que o diferem dos seus colegas e adversários. A diferença entre a capacidade física, técnica, tática e psicológica de cada um atleta coloca-o em vantagem ou desvantagem com os colegas de profissão. Entretanto, mesmo que um atleta seja muito bom em todas essas características, quando é mal orientado pelo seu treinador, não rende o seu potencial máximo e acaba em muitos casos por render menos do que jogadores com características piores, mas bem orientados. Como foi visto na importância da antecipação nos jogadores de futebol, a decisão correta e rápida leva o jogador a fazer um bom resultado, o que acabará por influenciar toda a equipa.


       
O que acontece quando uma má decisão é tomada por um:       
Guarda-redes:
por ironia, uma má decisão de um guarda-redes termina em metade dos casos em golo.
Seja por criar uma grande penalidade para o adversário, seja por desviar a bola para o sítio errado e entregar a um adversário bem posicionado, ou até mesmo por brincar em frente à baliza quando não tem ninguém nas costas para o proteger.       

Defesa:
geralmente, os defesas estão mais próximos da própria baliza que outro jogador que não seja o guarda-redes. Um mau passe ou finta estúpida, leva o defesa a perder a bola e até a deixar o avançado adversário de frente a frente com o guarda-redes da equipa.        

Médio:
com uma posição mais subida no terreno quando comparado com o defesa, os riscos são menores se perder a bola. No entanto, um erro pode entregar a bola ao adversário e este assumir o controlo do momento. Por vezes, os defesas e os médios estão mal organizados, e libertam imenso espaço para o contra-ataque adversário.       

Atacante:
para uma bola alcançar as zonas mais avançadas do terreno, é necessário um esforço de toda a equipa.
Uma má decisão de um avançado põe em causa todo esse esforço que, por vezes, é um esforço fora do normal.
Vários jogadores terminam os jogos desgastados psicologicamente por tanto tentar oferecer uma bola a um avançado que não a soube aproveitar.

      
  Dicas para que um jogador nunca seja surpreendido:   
Quando um jogador é surpreendido, é obrigado a tomar uma decisão muito rapidamente sem sequer ter tempo para avaliar a situação momentânea.
E se adversário tomou uma decisão primeiro e já está em movimento, dificilmente o jogador alcançará o adversário a tempo de o impedir de realizar a ação que deseja.
Isto quer dizer que um jogador que fica surpreso é um jogador que está com sarilhos.

O treinador deve evitar isso nos jogadores:

  • Ensinando-os taticamente: qualquer jogador necessita de reconhecer o que se passa no jogo e saber tomar decisões corretas.


  • Mesmo que o jogador não seja muito criativo, deve pelo menos cumprir a sua função com honra, assim como reconhecer qual é o seu papel no meio da equipa e o que pode falhar na forma de jogar dos seus colegas caso ele falhe também.
  • Treinando-os taticamente: a forma física de um jogador nunca o levará a tomar decisões que possam realmente ser importantes para a equipa.


  • Afinal de contas, os músculos obedecem às ordens que a mente lhes envia. 




  • O hábito de pensar bem e pensar rápido eleva a forma competitiva individual.
  • Evoluindo-os taticamente: não existe nenhum jogador que não possa continuar a evoluir, pelo menos enquanto o seu organismo o permitir jogar futebol.


  • Sempre que o seu potencial máximo for atingido, o treinador deve procurar um novo limite para o atleta.



  A diferença entre um jogador que procura uma solução e um jogador que toma decisões rapidamente
Precisamos simplificar a forma como funciona a nossa mente para fazer esta distinção.


Podemos dividir em duas fases:
quando a nossa mente aprende a realizar tarefas e quando a nossa mente pratica as tarefas que aprendeu.
Inicialmente, quando estamos a aprender alguma coisa, levamos sempre um pouco de tempo para dar conta dos vários detalhes que essa tarefa compõe, e muitas vezes não conseguimos pensar em mais do que uma coisa de uma só vez.
Por outro lado, quando já sabemos fazer essa tarefa, vamos praticá-la com mais eficiência, e é nesse momento que sentimos que estamos a aprender mais depressa.
Acontece que em vez de uma decisão, tomamos várias decisões ao mesmo tempo, pois já temos bases fortes e já sabemos o que fazer.
Para os jogadores, será muito importante ensinar-lhes a realizar cada uma das ações técnico-táticas, para depois atribuir objetivos às ações técnico-táticas.
Desta forma, compreendemos o quanto a táctica do jogo é importante, mais importante que a forma física, embora precise desta para se manifestar. Ao mesmo tempo, necessita também da técnica e do factor psicológico para se manifestar com qualidade, uma vez que a forma física, a qualidade técnica e o factor psicológico são as características individuais que permitem o individual elevar o rendimento de todo o colectivo.

WELCOME

Bem-vindo ao meu Blog
Minha vida profissional e desportiva sempre esteve ligada ao futebol, para o papel do guarda-redes e formação específica, tornando-se por muitos anos o meu trabalho principal.
Eu tive sorte o suficiente para treinar em quase todas as categorias.
Todas essas experiências, reuniões com técnicos, o guarda-redes, a sociedade, as diferentes culturas fizeram de mim o que sou hoje crescer mais do que um professor que não quer parar de aprender.
Então eu vou tentar compartilhar com vocês a minha paixão.
Divirta-se e um grande abraço a todos!

Paulo Fortunato ⚽️










CURRICULUM

NOME: PAULO FORTUNATO
ANO NASCIMENTO: 1978
NATURALIDADE: COSTA DA CAPARICA
NACIONALIDADE: PORTUGUESA
EMAIL: paulofortunato78@gmail.com
TELF: +351 92 68 49 738

TREINADOR DE GUARDA-REDES:

2008/2009 Beira Mar de Almada
2009/2010 Beira Mar de Almada
2010/2011 Clube Futebol Trafaria
2010/2011 Belenenses SAD SUB-19
2011/2012 Almada Atlético Clube
2012/2013 Odivelas SAD
2013/2014 Odivelas SAD
2014 SELECAO NACIONAL AZERBAIJÃO
2015 SELECAO NACIONAL AZERBAIJAO
2015/2016 AD Carregado
2016 CASA BENFICA LOURES (Praia)
2017 CASA BENFICA LOURES (Praia)
2018 CASA BENFICA LOURES (Praia)
2019 GDP Costa Caparica (Praia)
2019 Club Sport Marítimo (Praia)


����������������

2008/2009 Subida de Divisão
2011/2012 Subida de Divisão
2012/2013 Campeão
2013/2014 Subida de Divisão
2014 Participação Super-Final da Liga Europeia em Torredembarra Espanha
2014 Participação na Qualificação para o Campeonato do Mundo em Jesolo
2015 Participação Super Cup da Europa em Baku Azerbaijan
2015 Participação Super-Final da Liga Europeia em Siofok Estônia
2015 Participação 1st European Games em Baku Azerbaijan
2016 Vencedor Taça AFL
2017 Vencedor Taça de Lisboa
2018 Campeão da Liga de Inverno

AFFA AZERBAIJAN

AFFA AZERBAIJAN
Paulo Fortunato

NOTICIAS NO MUNDO

Número total de visualizações de páginas

Pesquisar neste blogue

Casa Benfica Loures 2016

Casa Benfica Loures 2016
Paulo Fortunato

MENSAGENS POPULARES NO BLOG

CARACTERISTICAS DE UM GUARDA-REDES

CARACTERISTICAS DE UM GUARDA-REDES