Introdução
A pesquisa relacionada com o treino do guarda-redes em Futebol é ainda exígua.
Existe pouca informação e a que surge apresenta dados pouco relevantes ao nível do treino da equipa como um todo (Sainz de Baranda, 2005).
As referências encontradas tendem a centrar-se no treino do guarda-redes de forma isolada com propostas de exercícios descontextualizados dos problemas tácticos, de um Modelo e dos jogadores que compõem o plantel, entre outras variantes. Segundo Sainz de Baranda et al. (2005:15): “O processo de ensino-aprendizagem do posto específico de guarda-redes, talvez seja a parte do treino mais esquecida no Futebol”. Os mesmos autores apontam os factores para que tal ocorra: a necessidade do guarda-redes precisar de alguém que conheça os conteúdos de treino, a falta de tempo nos treinos, um desconhecimento daquilo que é ser guarda-redes, o que tem de ser e como se planifica o seu treino. Ou seja, podemos depreender que de facto, o treino de guarda-redes exige a presença de alguém que domine o conhecimento e os conteúdos de treino e que saiba o que é estar na baliza.
As áreas da psicologia e da aprendizagem motora são as que têm feito alguns investimentos.
Neste sentido alguns estudos têm procurado entender a acção do guarda-redes em termos de imaginação e visualização mental (Madeira, 2002), na sua relação com a tomada de decisão e com a percepção (Silva, 2001) e ainda com a velocidade de reacção (Festa et al., 2007).
Existe pouca informação e a que surge apresenta dados pouco relevantes ao nível do treino da equipa como um todo (Sainz de Baranda, 2005).
As referências encontradas tendem a centrar-se no treino do guarda-redes de forma isolada com propostas de exercícios descontextualizados dos problemas tácticos, de um Modelo e dos jogadores que compõem o plantel, entre outras variantes. Segundo Sainz de Baranda et al. (2005:15): “O processo de ensino-aprendizagem do posto específico de guarda-redes, talvez seja a parte do treino mais esquecida no Futebol”. Os mesmos autores apontam os factores para que tal ocorra: a necessidade do guarda-redes precisar de alguém que conheça os conteúdos de treino, a falta de tempo nos treinos, um desconhecimento daquilo que é ser guarda-redes, o que tem de ser e como se planifica o seu treino. Ou seja, podemos depreender que de facto, o treino de guarda-redes exige a presença de alguém que domine o conhecimento e os conteúdos de treino e que saiba o que é estar na baliza.
As áreas da psicologia e da aprendizagem motora são as que têm feito alguns investimentos.
Neste sentido alguns estudos têm procurado entender a acção do guarda-redes em termos de imaginação e visualização mental (Madeira, 2002), na sua relação com a tomada de decisão e com a percepção (Silva, 2001) e ainda com a velocidade de reacção (Festa et al., 2007).
O jogo de Futebol deve desenrolar-se em constante coordenação com a estrutura condicional necessária e sobretudo com a estrutura cognitiva, perceptiva e decisional (Garganta, 1997). Deste modo, quanto mais inteligente for o comportamento do guarda-redes em jogo, maior será o seu desempenho Táctico.
Neste sentido, Frade (2006) refere que o guarda-redes não deve ser um “atractor estranho” para os restantes elementos da equipa, necessitando de incluir no seu treino uma participação colectiva.
Sabendo que durante o jogo o guarda-redes deve perceber as situações em função de um vasto conjunto de referências (o seu posicionamento, o posicionamento dos colegas e dos adversários, a trajectória da bola, o espaço) antes de eleger a acção táctico-técnica mais adequada, também o treino deverá recriar este contexto incerto e variável (Sainz de Baranda, 2005).
Só assim poderá percepcionar, decidir e executar a acção mais adequada à situação.
Face à falta de estudos acerca do que deve ser o processo de treino do guarda-redes de Futebol, parece-nos relevante procurar percepcionar o modo como os treinadores concebem e operacionalizam o processo de treino do guarda-redes. Decorrente deste propósito central foram definidos os seguintes objectivos: . Indagar se as experiências tidas enquanto jogador influenciam o modo como concebem o processo de formação e treino do guarda-redes; Verificar quais os aspectos que são considerados determinantes no processo de Formação do guarda-redes; . Conhecer as concepções acerca do treino do guarda-redes e a forma como estas são operacionalizadas.
Neste sentido, Frade (2006) refere que o guarda-redes não deve ser um “atractor estranho” para os restantes elementos da equipa, necessitando de incluir no seu treino uma participação colectiva.
Sabendo que durante o jogo o guarda-redes deve perceber as situações em função de um vasto conjunto de referências (o seu posicionamento, o posicionamento dos colegas e dos adversários, a trajectória da bola, o espaço) antes de eleger a acção táctico-técnica mais adequada, também o treino deverá recriar este contexto incerto e variável (Sainz de Baranda, 2005).
Só assim poderá percepcionar, decidir e executar a acção mais adequada à situação.
Face à falta de estudos acerca do que deve ser o processo de treino do guarda-redes de Futebol, parece-nos relevante procurar percepcionar o modo como os treinadores concebem e operacionalizam o processo de treino do guarda-redes. Decorrente deste propósito central foram definidos os seguintes objectivos: . Indagar se as experiências tidas enquanto jogador influenciam o modo como concebem o processo de formação e treino do guarda-redes; Verificar quais os aspectos que são considerados determinantes no processo de Formação do guarda-redes; . Conhecer as concepções acerca do treino do guarda-redes e a forma como estas são operacionalizadas.
MATERIAL E MÉTODOS.
Participantes
Os participantes deste estudo foram dois treinadores de guarda-redes que actuam em dois clubes de referência da primeira Liga Portuguesa. O seu percurso na função de treinadores tem sido marcado por êxitos, nomeadamente pelo trabalho desenvolvido ao nível da formação que tem conduzido guarda-redes à selecção nacional de Portugal. Em termos de amostragem estes podem ser considerados casos extremos, porquanto têm obtido resultados desportivos visíveis, sendo que são reconhecidos pelos seus pares. Ambos têm Formação Superior em Educação Física e Desporto, o Treinador A (que será ficticiamente denominado por JS) é treinador de guarda-redes há mais de 20 anos sendo detentor de vários títulos, nomeadamente: campeão por três vezes no Campeonato Holandês, uma Taça da Holanda e uma Supertaça Holandesa. Em Portugal já venceu a Superliga quatro vezes, duas Taças de Portugal e uma Supertaça Portuguesa. Este foi treinador de Guarda-redes como Vítor Baía, Edwin Van der Sar, Helton e Maarten Stekelenburg, entre outros. O Treinador B (que será ficticiamente denominado por António Maia) é treinador há 6 anos, fazendo parte de uma nova vaga de treinadores de guarda-redes em Portugal. É detentor de título de Campeão de Nacional de Juniores, duas Taças de Portugal e duas Supertaças Portuguesas. Treinou guarda-redes como Rui Patrício, Ricardo Pereira tendo ambos já representado a Selecção Nacional Portuguesa.
Recolha e análise dos dados
Recorreu-se a uma entrevista semi-estruturada com 13 questões de resposta aberta, face ao facto de esta se assumir como a técnica mais adequada aos objectivos do estudo (Quadro 1). Esta forma permite aos entrevistados responderem às questões de forma exaustiva, utilizando as suas próprias palavras e quadros de referência (Ghiglione & Matalon, 1993). O Guião da entrevista foi construido e sujeito à validação de construção e de conteúdo.
Quadro 1 – Guião da entrevista.
Apresentação e Discussão dos Resultados
As entrevistas foram gravadas por recurso a um gravador Olympus (VN240PC), sendo posteriormente transcritas na íntegra. Para a análise dos dados utilizou-se a análise de conteúdo partindo de um sistema categorial definido apriori. Deste modo o método foi predominantemente hipotético-dedutivo.
As categorias estabelecidas foram três:
C1 – Plano das Experiências – incorpora toda a informação relativa às experiências, ao percurso desportivo como atleta que é referenciado como importante para o modo como encaram o treino do guarda-redes de Futebol.
C2 – Plano das Concepções – contempla o conteúdo informativo relativo às concepções acerca do processo de Formação e treino do guarda-redes.
C3 – Plano da Operacionalização – incorpora as informações relativas ao modo como o treinador organiza a sua prática como treinador.
As entrevistas foram gravadas por recurso a um gravador Olympus (VN240PC), sendo posteriormente transcritas na íntegra. Para a análise dos dados utilizou-se a análise de conteúdo partindo de um sistema categorial definido apriori. Deste modo o método foi predominantemente hipotético-dedutivo.
As categorias estabelecidas foram três:
C1 – Plano das Experiências – incorpora toda a informação relativa às experiências, ao percurso desportivo como atleta que é referenciado como importante para o modo como encaram o treino do guarda-redes de Futebol.
C2 – Plano das Concepções – contempla o conteúdo informativo relativo às concepções acerca do processo de Formação e treino do guarda-redes.
C3 – Plano da Operacionalização – incorpora as informações relativas ao modo como o treinador organiza a sua prática como treinador.
Plano das Experiências
Nenhum dos nossos entrevistados viveu uma carreira ao mais elevado nível, contudo é notório que o facto de terem sido guarda-redes lhes proporcionou um conjunto de vivências que influencia o modo como concebem o processo de formação do guarda-redes. A experiência de estar na baliza contribuiu para aprenderem a pensar como guarda-redes, isto é, a terem um entendimento mais profundo das diversas situações.
A este respeito, António Maia afirma que: “o vivenciar destas experiências ao longo dos anos, na segunda e na terceira divisão que foi o nível mais elevado a que joguei, foi extremamente importante e hoje em dia reconheço que me ajudaram imenso”. Estas vivências contribuem para um conhecimento mais sustentado, na medida em que utilizam tanto uma vertente conceptual, como processual de todo o treino. A relação intrínseca e indissociável entre conhecimento declarativo e processual, resulta daquilo que entendemos e compreendemos e daquilo que sentimos e que sabemos fazer sobre uma determinada matéria. Neste sentido Greco (2006) afirma que o conhecimento declarativo está mais relacionado com o saber o que fazer, enquanto o conhecimento processual está mais direccionado para o saber como fazer. Por sua vez JS salienta a importância daquilo que vivenciou como guarda-redes, referindo que lhe proporcionou conhecimento acerca do que é o treino. Este salienta que existe uma estreita relação entre o treinar e o jogar, e que ambas as dimensões têm de ser coerentes entre si.
Para além disso, o guarda-redes tem sempre a sua natureza interior, ou seja, tem determinadas características que podem ser potenciadas ou não pelo sistema de jogo e pela forma de jogar.
Neste contexto, cabe ao treinador, definir um Modelo de Jogo com um determinado perfil de guarda-redes e a partir daí desenvolver toda a estrutura de treino e de prospecção dos guarda-redes, com base nesse perfil.
Ideia esta que podemos ver expressa no que JS refere no extracto que se segue: “…
como guarda-redes não era muito forte na linha de baliza, era mais forte a jogar nas costas da defesa e isso interferiu no desenvolvimento das minhas ideias…”.
Nenhum dos nossos entrevistados viveu uma carreira ao mais elevado nível, contudo é notório que o facto de terem sido guarda-redes lhes proporcionou um conjunto de vivências que influencia o modo como concebem o processo de formação do guarda-redes. A experiência de estar na baliza contribuiu para aprenderem a pensar como guarda-redes, isto é, a terem um entendimento mais profundo das diversas situações.
A este respeito, António Maia afirma que: “o vivenciar destas experiências ao longo dos anos, na segunda e na terceira divisão que foi o nível mais elevado a que joguei, foi extremamente importante e hoje em dia reconheço que me ajudaram imenso”. Estas vivências contribuem para um conhecimento mais sustentado, na medida em que utilizam tanto uma vertente conceptual, como processual de todo o treino. A relação intrínseca e indissociável entre conhecimento declarativo e processual, resulta daquilo que entendemos e compreendemos e daquilo que sentimos e que sabemos fazer sobre uma determinada matéria. Neste sentido Greco (2006) afirma que o conhecimento declarativo está mais relacionado com o saber o que fazer, enquanto o conhecimento processual está mais direccionado para o saber como fazer. Por sua vez JS salienta a importância daquilo que vivenciou como guarda-redes, referindo que lhe proporcionou conhecimento acerca do que é o treino. Este salienta que existe uma estreita relação entre o treinar e o jogar, e que ambas as dimensões têm de ser coerentes entre si.
Para além disso, o guarda-redes tem sempre a sua natureza interior, ou seja, tem determinadas características que podem ser potenciadas ou não pelo sistema de jogo e pela forma de jogar.
Neste contexto, cabe ao treinador, definir um Modelo de Jogo com um determinado perfil de guarda-redes e a partir daí desenvolver toda a estrutura de treino e de prospecção dos guarda-redes, com base nesse perfil.
Ideia esta que podemos ver expressa no que JS refere no extracto que se segue: “…
como guarda-redes não era muito forte na linha de baliza, era mais forte a jogar nas costas da defesa e isso interferiu no desenvolvimento das minhas ideias…”.
Deste modo a ideia de que existe uma relação entre aquilo em que se acredita e o que se experiencia fica evidente, bem como a noção de que as convicções relativas à forma de treinar e de entender o jogo também parecem ter as suas origens nesta relação.
Plano das Concepções
Para ambos os Treinadores o processo de Formação do Guarda-redes deve ter como pano de fundo um trabalho de equipa consistente e estruturado orientado por concepções similares.
Segundo JS na noção de conjunto é fundamental: “quando queres trabalhar segundo determinadas ideias, todas as pessoas que estão contigo têm de o fazer da mesma forma! Todos têm de seguir as mesmas directrizes e quando isso não acontece, tens um grande problema.”. Também o António Maia refere que “o modelo de trabalho se for coerente e se seguir uma linha progressiva pode dar frutos!”. Neste sentido, Leal & Quinta (2001, cit. por Moita, 2008) consideram essencial que todos os agentes ligados ao processo de formação tenham a mesma concepção de jogo, de treino e de jogador, perspectivando-a por um prisma idêntico.
Para ambos os Treinadores o processo de Formação do Guarda-redes deve ter como pano de fundo um trabalho de equipa consistente e estruturado orientado por concepções similares.
Segundo JS na noção de conjunto é fundamental: “quando queres trabalhar segundo determinadas ideias, todas as pessoas que estão contigo têm de o fazer da mesma forma! Todos têm de seguir as mesmas directrizes e quando isso não acontece, tens um grande problema.”. Também o António Maia refere que “o modelo de trabalho se for coerente e se seguir uma linha progressiva pode dar frutos!”. Neste sentido, Leal & Quinta (2001, cit. por Moita, 2008) consideram essencial que todos os agentes ligados ao processo de formação tenham a mesma concepção de jogo, de treino e de jogador, perspectivando-a por um prisma idêntico.
Ao nível do processo de Formação propriamente dito, os dois treinadores evidenciam concepções diferenciadas. Enquanto que JS considera que existem dois tipos de Guarda-Redes: os de Antecipação e os de Reacção: “A grande diferença entre eles é que um guarda-redes de antecipação pensa mais, é capaz de ler o jogo com muita qualidade e consegue perceber as situações antes que elas aconteçam efectivamente, antecipando-as e resolvendo-as antes que se tornassem realmente problemas para a equipa. Um guarda-redes de reacção é muito explosivo e poderoso e está sempre tão preocupado e concentrado nessa acção única que simplesmente não consegue pensar. A sua leitura do jogo é muito limitada…”.
Já António Maia, considera que podem existir diferenças na morfologia dos guarda-redes, mas o mais importante é o processo de treino pelo qual eles passam: ”numa equipa que passe a maior parte do tempo a atacar e em processo ofensivo, o guarda-redes deverá jogar mais fora da baliza, se a equipa joga com um bloco baixo já se pretende um guarda-redes que reponha muito bem a bola, desde que se privilegie um método de contra-ataque ou ataque rápido…”
Já António Maia, considera que podem existir diferenças na morfologia dos guarda-redes, mas o mais importante é o processo de treino pelo qual eles passam: ”numa equipa que passe a maior parte do tempo a atacar e em processo ofensivo, o guarda-redes deverá jogar mais fora da baliza, se a equipa joga com um bloco baixo já se pretende um guarda-redes que reponha muito bem a bola, desde que se privilegie um método de contra-ataque ou ataque rápido…”
Independentemente desta divergência o conteúdo informativo remete-nos para um consenso, entre os dois treinadores em torno de três aspectos que devem ser incorporados no processo de Formação do guarda-redes:
1) nas etapas iniciais de formação, até aos sub-14, a grande centração do treino deve ser ao nível dos conteúdos táctico-técnicos, após esta etapa a componente táctica deve ganhar maior importância, sendo que a técnica deve ser objecto de refinamento por recurso a acções cada vez mais complexas com apelos superiores às dimensões Física e Psicológica sem no entanto se assumirem como as dimensões mais importantes do Processo de Treino.
Este ponto encontra paralelo nas preocupações evidenciadas por Hoek (2006) para quem o ensino dos aspectos táctico-técnicos deve ser a dimensão mais relevante do treino do guarda-redes;
2) o posicionamento e o contexto de Cruzamento (situações de jogo em que o cruzamento pode surgir, nomeadamente os cantos, os livres laterais, as penetrações pelos corredores laterais, etc…) são duas situações táctico-técnicas que um guarda-redes tem de dominar para que possa ser um guarda-redes de desempenho superior.
JS refere que “Para mim…eles (guarda-redes) devem sempre é saber como se devem posicionar!”.
3) o que os guarda-redes têm que fazer devem estar assente nos princípios que se querem privilegiados, tem que existir uma estreita articulação entre os principios defendidos e a configuração do treino que se ministra.
JS reforça esta ideia dizendo que: “… os princípios estão escritos na nossa filosofia e a única coisa que temos de fazer é guiar as coisas para que haja coerência entre o que fazemos e aquilo que escrevemos.
Oliveira (2004) refere que os princípios de jogo concretizam uma determinada identidade da equipa, os quais são evidenciados nos diferentes momentos de jogo e podem ser decompostos em sub-princípios, sem que com isso deixem de representar o todo e o Modelo que lhes dá origem.
1) nas etapas iniciais de formação, até aos sub-14, a grande centração do treino deve ser ao nível dos conteúdos táctico-técnicos, após esta etapa a componente táctica deve ganhar maior importância, sendo que a técnica deve ser objecto de refinamento por recurso a acções cada vez mais complexas com apelos superiores às dimensões Física e Psicológica sem no entanto se assumirem como as dimensões mais importantes do Processo de Treino.
Este ponto encontra paralelo nas preocupações evidenciadas por Hoek (2006) para quem o ensino dos aspectos táctico-técnicos deve ser a dimensão mais relevante do treino do guarda-redes;
2) o posicionamento e o contexto de Cruzamento (situações de jogo em que o cruzamento pode surgir, nomeadamente os cantos, os livres laterais, as penetrações pelos corredores laterais, etc…) são duas situações táctico-técnicas que um guarda-redes tem de dominar para que possa ser um guarda-redes de desempenho superior.
JS refere que “Para mim…eles (guarda-redes) devem sempre é saber como se devem posicionar!”.
3) o que os guarda-redes têm que fazer devem estar assente nos princípios que se querem privilegiados, tem que existir uma estreita articulação entre os principios defendidos e a configuração do treino que se ministra.
JS reforça esta ideia dizendo que: “… os princípios estão escritos na nossa filosofia e a única coisa que temos de fazer é guiar as coisas para que haja coerência entre o que fazemos e aquilo que escrevemos.
Oliveira (2004) refere que os princípios de jogo concretizam uma determinada identidade da equipa, os quais são evidenciados nos diferentes momentos de jogo e podem ser decompostos em sub-princípios, sem que com isso deixem de representar o todo e o Modelo que lhes dá origem.
Plano da Operacionalização
Os treinadores referem que no Treino do Guarda-Redes propriamente dito, deve-se considerar a necessidade de se articular o treino específico com o treino com a equipa, sendo que o guarda-redes deverá assumir um papel determinante em todos os momentos do jogo e no Colectivo.
Neste contexto, Frade (2006) refere que: “a operacionalização do jogar (conceito de Modelo) só acontece quando há Especificidade, isto é, quando há Articulação de Sentido para contextualizar o que acontece”.
JS refere que “tens de construir exercícios relacionados com a forma de jogar da equipa e com vários momentos de intervenção em que possas dar a cada guarda-redes o feedback que ele precisa para evoluir” e António Maia denuncia uma opinião semelhante quando menciona que: “Nós já temos um modelo bastante cimentado e desde o primeiro dia que o guarda-redes se treina congruentemente com o modelo da equipa.
Os treinadores referem que no Treino do Guarda-Redes propriamente dito, deve-se considerar a necessidade de se articular o treino específico com o treino com a equipa, sendo que o guarda-redes deverá assumir um papel determinante em todos os momentos do jogo e no Colectivo.
Neste contexto, Frade (2006) refere que: “a operacionalização do jogar (conceito de Modelo) só acontece quando há Especificidade, isto é, quando há Articulação de Sentido para contextualizar o que acontece”.
JS refere que “tens de construir exercícios relacionados com a forma de jogar da equipa e com vários momentos de intervenção em que possas dar a cada guarda-redes o feedback que ele precisa para evoluir” e António Maia denuncia uma opinião semelhante quando menciona que: “Nós já temos um modelo bastante cimentado e desde o primeiro dia que o guarda-redes se treina congruentemente com o modelo da equipa.
Portanto, não há espaço para que isso possa não acontecer…”
Por conseguinte, as ideias que sobressaem consubstanciam-se na tipologia dos exercícios de treino que devem ser Específicos de modo a que a congruência entre o Modelo, os Princípios Colectivos e a forma de Jogar da equipa, seja possível. Sainz de Baranda et al. (2008), referem ainda que é necessário criar-se exercícios de treino que permitam ao guarda-redes pensar sobre as suas acções e assumir um posicionamento adequado em cada momento do jogo. Por conseguinte, se o treino permitir que os guarda-redes activem aquilo que Jensen (2002) chama de “potencial de memória”, ou seja, um estado de preparação que faz com que o cérebro, perante estímulos que ele reconhece, se active mais rapidamente, reduzindo o tempo de resposta a uma dada acção, este potenciará a capacidade de antecipação e tornando-os mais capazes. Como menciona JS “… trata-se de reconhecer as situações mais cedo, porque já as viveram nos treinos. Estão sempre um passo à frente”.
Acresce que o mesmo treinador considera que a intervenção é determinante, tal como podemos ver no extracto seguinte: “para mim a intervenção é muito importante, os exercícios não são importantes! O importante é o feedback que lhes transmites! O que lhes dizes, no momento em que algo acontece! É a parte mais importante… especialmente o timing da tua intervenção para os fazeres entender, principalmente aos mais novos, que estás a corrigir a acção que eles realizaram imediatamente antes”. A noção de que o feedback é um elemento essencial para se conseguir alcançar os objectivos delineados fica aqui bem evidente. É através do Feedback que o guarda-redes entende exactamente aquilo que se pretende dele, levando-o a distinguir o essencial do acessório.
Deste modo, o feedback funciona como veículo da Especificidade, conduzindo à assimilação das ideias do treinador.
Acresce que o mesmo treinador considera que a intervenção é determinante, tal como podemos ver no extracto seguinte: “para mim a intervenção é muito importante, os exercícios não são importantes! O importante é o feedback que lhes transmites! O que lhes dizes, no momento em que algo acontece! É a parte mais importante… especialmente o timing da tua intervenção para os fazeres entender, principalmente aos mais novos, que estás a corrigir a acção que eles realizaram imediatamente antes”. A noção de que o feedback é um elemento essencial para se conseguir alcançar os objectivos delineados fica aqui bem evidente. É através do Feedback que o guarda-redes entende exactamente aquilo que se pretende dele, levando-o a distinguir o essencial do acessório.
Deste modo, o feedback funciona como veículo da Especificidade, conduzindo à assimilação das ideias do treinador.
Conclusões
Os treinadores evidenciaram que as suas experiências como jogadores influenciaram o modo como concebem o treino do guarda-redes ao longo do processo de formação. Contudo, a noção de que um treinador de guarda-redes pode ser competente sem ter tido vivências como guarda-redes, também ficou evidente, pese embora tenha sido reconhecido que saber o que é estar na baliza se traduz numa vantagem substancial.
Relativamente ao processo de formação do guarda-redes os treinadores consideram que o guarda-redes deve ser inserido num processo de treino gradualmente mais complexo e exigente, sendo que o reconhecimento de situações de jogo, o desempenho nos cruzamentos, o posicionamento evidenciado em todos os momentos do jogo e a aquisição de comportamentos enquadrados por um determinado jogar específico são aspectos determinantes. Isto sucede porque é necessária uma coerência constante entre o processo de treino e os comportamentos requeridos no jogo e se o treino for pautado pelo reconhecimento de contextos e de situações de jogo, a percepção e a antecipação desses cenários por parte do guarda-redes será mais provável. De evidenciar ainda que o JS refere que existem guarda-redes que têm determinadas características que lhes permitem ter mais capacidade para jogar em antecipação e para serem óptimos nessas leituras. Por outro lado, António Maia refere que o Modelo em que o guarda-redes está inserido é o principal responsável pela forma como ele vai jogar e por isso, as características dos guarda-redes são sempre moldáveis pelo processo de treino. No que concerne ao treino do guarda-redes ficou patente que o treinador de guarda-redes deve ter presente que a intervenção é a chave do processo de ensino-aprendizagem, é ela que permite que a Especificidade se concretize.
Se a intervenção não for coerente com as concepções criadas e com os Princípios estabelecidos, todo o processo sofrerá dissonâncias que afectarão o desempenho do guarda-redes. Todo o processo de treino deverá ser direccionado para o comportamento do guarda-redes idealizado para o nosso Modelo de Jogo e isso só será possível se os três Planos interagirem e convergirem de forma fluida e dinâmica.