quarta-feira, outubro 09, 2013

HOW TO BE GOALKEEPER?

Dizem que você precisa ser louco para querer ser um goleiro, mas isso não é tudo. Você tem que ter uma mente firme, ser forte no ar e não ter medo de se machucar. Goleiros precisam ter um bom posicionamento, ser rápidos e ainda ter boa habilidade manual para lidar com a bola. Eles também devem avançar 5 passos a frente de sua rede e enfrentar os desafios à sua frente.

Passos

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    Aprenda a ler um jogador. Muito sobre ser um goleiro envolve entender a mente de alguém que está a sua frente jogando. Ser capaz de dizer qual o próximo movimento dele lhe poupará tempo e energia para bloquear chutes e ataques.

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    Obtenha o equipamento apropriado para jogar como goleiro. A única coisa que você realmente precisará será um bom par de luvas (elas não apenas lhe oferecem uma espécie de almofada, evitando que você se machuque quando estiver parando uma bola que foi chutada com muita força, mas também lhe ajudam a segurar a bola) e um bom par de chuteiras (receber uma boa aderência ao solo para facilitar seus saltos não será tão fácil com um par de tênis comuns). Alguns equipamentos opcionais incluem uma camisa de goleiro, almofadadas ou não, e shorts almofadados na região do quadril.

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    Acelere o seu tempo de reação. Um goleiro precisa ser capaz de reagir a um chute em uma fração de segundo. Uma boa maneira de o fazer é conseguir uma bola de futebol, posicionar-se a cerca de 5 ou 7 passos de distância de uma parede, chutar a bola com a ponta de seu dedão e tentar impedir que a mesma passe por você. Você também pode melhorar seus reflexos jogando jogos de reflexos (utilize mãos, pés, peito, coxas, barriga, cabeça, etc.).

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    Ataque jogadores que estejam se aproximando de sua área. Quando um jogador estiver atacando em direção à sua área para realizar um chute, ataque em sua direção para cortar o seu ângulo e tornar-se a si mesmo maior. Se você chegar perto o suficiente, deslize com o seu corpo estendido e envolva-se em torno da bola. Não será problema atingir um jogador desta forma, contanto que você pegue a bola.

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    Conheça os dois passos básicos para quando estiver se movendo: o lateral e o cruzado. Para o lateral, faça uma corrida lateral cruzando as pernas. Para o cruzado, dobre os joelhos e corra mantendo seus olhos treinados na bola.

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    Para agarrar a bola, ponha seus polegares juntos e permita que a bola encaixe como se estivesse entrando em um bolso quando ela vier acima de seu peito. Seus polegares e suas mãos deverão formar algo similar a um W. Se for abaixo de seu peito, seus dedos mínimos deverão formar um M. Existem também muitas ocasiões nas quais você deverá não apenas encaixar a bola em suas mãos, mas realmente agarrá-la em seu peito com seus braços em volta da mesma - esta é a opção mais segura caso a bola venha em direção ao seu peito.

    • Existem momentos em que é impraticável segurar a bola. Nesta ocasiões você deverá então espalmá-la com a palma de sua mão ou pontas dos dedos, ou mesmo socá-la se for o caso. Quando optar por socá-la, não ponha seus polegares em seu punho. Isto poderia quebrar seu polegar. Opte por socar a bola apenas quando a mesma vier alta o suficiente para que quando você a soque ela apenas passe sobre a rede.

    • Para saltar para uma bola que vem alta, levante um de seus joelhos e empurre seu corpo com a outra perna. Agarre a bola com as mãos com os polegares formando um W, como explicado anteriormente. Traga a bola ao chão. Para saltar em uma bola que seja baixa, arremesse ambas as mãos na frente da bola e permita que seu corpo acompanhe seu movimento.

    • Tente sempre manter o seu corpo atrás da bola. Se alguém simplesmente chuta à sua esquerda, não apenas estique os braços para a bola; dê um passo de forma que seu corpo inteiro fique na direção da bola. Desta forma, caso a bola deslize entre suas mãos, ela saltará diretamente para o seu peito.

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    Faça musculação. Um goleiro precisará de braços fortes, corpo forte e pernas fortes. Tente fazer com que o seu salto vertical seja o mais alto possível de forma que parte alguma do golo fique fora de seu alcance quando você ainda estiver no centro do mesmo.

    • Você precisará ser capaz de jogar a bola a grandes distâncias após uma defesa, além de possuir um chute forte para iniciar a jogada caso seu time ganhe um tiro livre que deva ser cobrado de sua área. Braços fortes são importantes porque, às vezes, jogar a bola com as mãos após uma defesa poderá ser mais conveniente.

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    Entenda como os princípios da geometria melhoram sua técnica.

    • Tente sempre fechar o ângulo - isto é, certifique-se de que o jogador que irá chutar não tenha muitas opções sobre para onde chutar. Por exemplo, se ele estiver vindo pela sua direita, não fique no meio do golo. Ao invés disto, enfrente a bola com o seu corpo e fique próximo da trave ao lado direito.

    • Se a bola for chutada e vier rente ao gramado ou chão diretamente em sua direção, não se abaixe apenas com suas mãos para pegá-la. Baixe todo o seu corpo ao solo e, quando você agarrá-la, mergulhe para a frente. Trata-se de diminuir e inverter o ritmo da bola. Uma vez que você dominar isto, será mais fácil pegar bolas baixas e rápidas em sua direção.

    • Quando tiver de defender um pênalti, lembre-se de bloquear o ângulo. Procure por pequenas pistas, como por exemplo os olhos do batedor, mas olhar para os olhos apenas funcionará em alguns casos, portanto observe onde o pé que irá chutar vai ou observe o quadril do batedor, visto que é muito difícil para o batedor chutar a bola em uma direção diferente da que o quadril aponta.

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    Comunique-se. Outra coisa que você deve manter em mente é que os seus colegas de time não serão capazes de ver o campo por completo, portanto é vital que você os diga quais oponentes devem ser marcados.Também não grite com eles quando eles cometerem erros. Ao invés disto, incentive-os, mesmo que o erro deles lhes custe um golo.

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    Saiba quando utilizar suas mãos e pernas.

    • Use suas mãos, mesmo que você não precise. Será melhor bloquear um chute com suas mãos e agarrar a bola, do que chutá-la para longe quando ela vier em sua direção, dando assim aos atacantes uma nova chance de marcar um golo.
    • Use suas pernas quando você realmente precisar usá-las, não sempre. Existem momentos em que você não pode utilizar suas mãos e sua única escolha será usar suas pernas. Isto é uma situação emergencial na qual você, enquanto goleiro, saberá qual o momento exato a se fazer isto.
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    Esteja disposto a ir em direção a todas as bolas que venham para você. Mesmo parecendo que você não tem chances de pegá-la, pule na direção dela de qualquer forma. Você pode acabar tendo sorte e salvando esta bola e, no fim das contas, você não parecerá ridículo por não tentar.

    Dicas
  • Se você ainda não se sente pronto para jogar em campos ao ar livre, o futebol de salão pode ser um ótimo ponto de partida por possuir traves menores, bem como uma área exclusiva para o goleiro, de forma que você não precisará se preocupar com ninguém invadindo a mesma. No entanto, você poderá não aprender a defender um cruzamento ou escanteio, bem como não terá muitas chances de defender um chute livre ou cobrança de falta.
  • Há um ditado que diz que "Você não precisa bloquear todos os chutes". Intimidação é a chave. Se você puder assustar o adversário de forma que ele erre o chute, seu trabalho estará feito. A responsabilidade dos goleiros é grande e eles dificilmente possuem razão. Pode ser legal fazer uma grande defesa, caso a defesa cometa erros, ou se você puder organizar bem a sua defesa, você ainda assim conseguirá manter uma ficha limpa.
  • A forma como você se comunica com a defesa, ou os zagueiros, é a verdadeira chave. Não grite com a sua defesa o tempo todo. Seja específico, conciso mas ao mesmo tempo preciso e decisivo. Tenha em mente o jogo por completo, no qual os jogadores fazem o seu papel. Mas não se porte como se você fosse o grande chefe, apenas dando ordens a todos; você já possui um técnico.
  • No futebol de campo, nunca grite "goleiro", a menos que você esteja 100% certo de que você poderá pegar a bola; confie em sua defesa, mas ao mesmo tempo, não deixe sua confiança 100% neles.
  • Nunca mantenha seu foco em apenas um ou dois atacantes, não acomode-se. Você nunca imaginará que... você pode ter bloqueado com sucesso os principais atacantes, mas terá esquecido completamente os zagueiros do outro time que não marcaram golo algum nos últimos 5 anos; porém, ainda assim, eles poderão marcar um em você nos segundos finais do jogo.
  • Não esqueça de treinar habilidades básicas de drible e passe de bola. Afinal, você não poderá utilizar suas mãos quando uma bola for recuada para você. Golos contra acontecem desta forma. Quando você decidir avançar com a bola e, ocasionalmente, realizar um drible, não avance muito. Você terá apenas 6 segundos para livrar-se da bola. Peça ajuda. Se você não o puder fazer, chute a bola para a lateral. É melhor entregar uma cobrança de lateral do que um golo.
  • Existe sempre um ângulo entre a bola e as traves. Você deve estar neste ângulo e à frente da linha do gol.
  • As regras dizem que você precisa de caneleiras e uma camisa de cores diferentes das dos jogadores adversários, bem como dos árbitros.
  • Antes de jogar, borrife suavemente suas luvas com água.
    Você não irá querer as mesmas muito molhadas, pois poderia prejudicar sua aderência. Uma pequena quantidade de água, no entanto, tornará o látex mais pegajoso em vez de escorregadio.
    (Note que isto apenas se aplica à alguns tipos de luvas.)
  • Você deve ser confiante. Se a bola estiver vindo em sua direção, não se assuste e corra para longe da mesma. Existem coisas muito mais assustadoras neste mundo do que bolas de futebol.
    Seja confiante e bloqueie o chute.
  • Para defender chutes de forma mais eficiente, olhe para a pessoa que está chutando. Olhe para seus olhos, pernas e quadril. Julgando por sua posição e seus movimentos à frente do tempo, você poderá descobrir para onde ele estará tentando direcionar seu chute.
  • Ainda mais importante, caso você tome uma decisão, permaneça com ela. Se você decidir correr para roubar a bola de alguém e, na metade do caminho, decidir que não foi uma boa ideia, não volte.
    Você já deixou sua posição, siga e finalize sua missão.
  • Um bom exercício é fazer uma troca de chutes com um amigo. Utilize apenas alguns cones para delimitar um golo (não precisam obrigatoriamente ser cones) e diga ao seu amigo para chutar em qualquer área entre aqueles cones.
  • Para ajudar a desenvolver sua postura em um salto ou mergulho, pratique seu salto em uma cama ou colchão macio.
  • Se você decidir espalmar um chute de longa distância, após espalmar, volte a ficar de pé o mais rápido possível.
    Você nunca saberá quando precisará fazer uma segunda defesa.
  • Se o atacante adversário vem em sua direção, não fique apenas parado em sua área do golo; saia de sua pequena área e corra para pegar a bola.
  • Lembre-se sempre, ninguém começa perfeito. Você não será um excelente goleiro no primeiro dia; é preciso ter muita paciência e confiança.
Se você continuar cometendo erros, não deixe que sua confiança caia, pois isto será sua fraqueza. Apenas continue tentando e não desista.
  • Mantenha-se na ponta dos pés, certificando-se de que não será pego de surpresa com os pés inteiros "presos" ao chão, pois isto lhe ocasionaria em um maior atraso nas reações em comparação com alguém que está em posição para reagir em uma fração de segundo, visto que essa mudança de postura faz toda a diferença.

Avisos

  • Até mesmo os goleiros mais bem sucedidos cometem grandes erros. Aprenda com os erros, mas não deixe ninguém lhe culpar por eles. Afinal de contas, goleiros no futebol podem ser mais respeitados em países como a Holanda e os Estados Unidos, mas em outros países (como Brasil, Inglaterra, Itália), eles são considerados menos culpados por seus erros.
  • Nunca erga os braços na tentativa de contestar um impedimento não marcado. O seu principal objetivo é parar os chutes. Se o impedimento for marcado, então está tudo bem. Será melhor se você fizer uma defesa, e melhor ainda se for uma defesa com estilo após a marcação do impedimento (a defesa em posição de escorpião que Higuita fez contra a Inglaterra após a marcação de um impedimento é um exemplo disto, apesar de ele não ter sido um goleiro bem sucedido a longo prazo). Além disso, existe uma chance do atacante pensar que está em posição de impedimento antes do passe final. Se você se mantiver preparado, suas chances serão ainda maiores de fazer a defesa por ele não se esforçar tanto, mesmo que o impedimento não seja marcado. Às vezes, você poderá até mesmo salvar um chute que resultaria em um golo, portanto tenha cuidado ao se posicionar para chutes com muita antecedência devido a possíveis desvios.
  • Aprenda a proteger sua cabeça. A maioria das lesões em goleiros ocorrem em colisões com outros jogadores ou em tentativas de defender bolas altas.
  • Lembre-se, goleiros quebram ossos. É uma das posições mais perigosas no futebol, portanto tenha cuidado.

Materiais Necessários

  • Luvas de goleiro (não exigidas pelas regras, mas é quase uma necessidade em futebol de campo)
  • Caneleiras
  • Uma camisa diferente das dos demais jogadores
  • Goleiros do sexo masculino deveriam utilizar um protetor genital
  • Chuteiras com travas específicas

sexta-feira, outubro 04, 2013

O GUARDA-REDES

Tal como a sociedade, o Futebol tem evoluído ao longo da sua história.
À semelhança das outras modalidades desportivas colectivas, esta evolução atingiu, nos 

últimos anos, níveis muito acentuados devido ao desenvolvimento verificado nos 
diferentes factores que influenciam o rendimento no Futebol (Esteves, 2000). Para Cabezon (2001), um dos factores que mais influência o rendimento do 
guarda-redes é o quadro regulamentar a que este está sujeito, isto é, as leis do jogo. As alterações a que as leis de jogo, referentes ao guarda-redes, têm sido sujeitas atribuíram 
ao guarda-redes mais responsabilidades e obrigações, contudo provocaram uma maior 
limitação nas suas possibilidades de actuar.  O Futebol de hoje, o denominado "Futebol 
moderno", teve a sua origem em Inglaterra no ano de 1863, contudo só em 1871 surge 
no código das leis de jogo a primeira referência ao guarda-redes, sendo que durante 
estes anos a defesa da baliza era feita por qualquer dos jogadores intervenientes. 
 A partir de 1912 o guarda-redes deixou de poder jogar a bola com os membros 
superiores fora da área de protecção dos atacantes (Esteves, 2000). A regra dos quatros passos foi implementada mais tarde, por volta de 1991 
(Cabezon, 2001). Em 1997 o guarda-redes foi proibido de jogar a bola com as mãos quando esta é 
devolvida por algum dos companheiros com qualquer superfície corporal abaixo do 
joelho ou lançamento de linha lateral (Esteves, 2000). De acordo com o mesmo autor, 
estas alterações que o Futebol moderno sofreu, tiveram o intuito de melhorar a 
qualidade de jogo, através do incremento do ritmo que é disputado. Segundo Cabezon (2001), os problemas técnico - táctico que as novas regras de 
jogo impõem, exigem um tipo de guarda-redes, em que a única missão não seja impedir 
o golo permanecendo entre os postes, mas também que seja capaz de intervir na fase de 
ataque. Cabezon (2001) refere ainda que o guarda-redes moderno está obrigado a 
intervir no plano técnico - táctica e na organização geral da equipa quer no ataque, quer 
na defesa. Esta intervenção faz-se, por exemplo, com a solicitação frequente do jogo de
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pés (quando os seus companheiros se encontram pressionados pelo adversário) ou 
jogando como libero (dando profundidade ao sector defensivo). Perante este cenário, o guarda-redes moderno terá de se adaptar, alterando os 
seus hábitos e apostar numa formação que vá de encontro às exigências das tarefas e 
funções que desempenha no Futebol moderno (Cabezon, 2001). Segundo Bonizzoni & Leali (1985), o guarda-redes é o elemento da equipa que 
necessita de maior assistência psicológica da parte do treinador, devido à grande 
responsabilidade que tem sobre as suas “costas”. Ele está consciente que cada um dos 
seus erros pode ser determinante para os resultados. Só com a experiência e o passar dos 
anos, em geral, consegue dominar os seus impulsos emotivos e jogar numa situação 
psicológica mais favorável. O guarda-redes é sobretudo um observador privilegiado já que o seu campo de 
visão cobre a totalidade do terreno durante o encontro. Segundo os mesmos autores, não se deve considerar a sua missão como 
exclusivamente defensiva. Pelo seu posicionamento na área, pela oportunidade das suas 
saídas, pela maneira como repõe a bola em jogo, o guarda-redes desempenha também 
um papel ofensivo. A agilidade, a flexibilidade, a coordenação e a destreza são 
qualidades essenciais no guarda-redes. Não se nasce já guarda-redes, é preciso trabalhar 
e beneficiar de treinos muito específicos (Bonizzoni & Leali, 1985). Para Bonizzoni & Leali (1985), o futebol moderno tem sofrido uma grande 
evolução, sobretudo no sentido de uma exaltação do jogo colectivo em comparação com 
a acção individual. O intercâmbio entre os papéis, a necessidade de ter em campo os 
chamados jogadores “universais”, pode considerar-se das principais características do 
futebol dos nossos tempos. A afirmação de colectivo não deve cingir-se aos dez 
jogadores de campo, mas também contar com o guarda-redes, no sentido de que só dele 
se deve pretender uma verdadeira participação como futebolista de acção defensiva e 
ofensiva da equipa, como já vimos anteriormente. Depreende-se que o guarda-redes, 
além da habilidade específica no uso das mãos, deve ser um futebolista como os outros, 
ou seja, capaz de executar com à vontade os gestos técnicos fundamentais dos outros, 
além de possuir noções precisas da técnica aplicada. As dificuldades e exigências de jogar nesta posição são muito diferentes 
daquelas que são necessárias para jogar noutra posição. Assim, o guarda-redes precisa 
não só de possuir uma agilidade atlética específica e uma boa velocidade de reacção, 
mas também uma capacidade psicológica distinta. Os guarda-redes devem ter uma
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estatura específica para alcançarem com mais facilidade as bolas aéreas, devido 
sobretudo às dimensões da baliza, mas também para dominarem dentro da sua pequena 
área; por norma, possuem uma estatura superior à dos outros colegas de campo. O guarda-redes deve, por outro lado, possuir uma boa componente técnica, em virtude de 
cada vez mais ser solicitado para jogar com os pés, devido em grande parte às 
imposições das novas regras. Deve ainda ser capaz de colocar a bola, com os pés, em 
profundidade, para os colegas que surjam desmarcados, acelerando assim o jogo 
(Taelman, 2001). Segundo Taelman (2001), o guarda-redes necessita, por tudo isto, de estar bem 
preparado, ser rápido e ter reacções rápidas, ser ágil e mover-se com rapidez em todas 
as direcções. A sua colocação e decisão nos lances de bola parada (como os cantos) é 
fundamental, com o intuito de agarrar com firmeza a bola ou socá-la para longe da sua 
área, devendo, para isso ter um apurado sentido de sincronização. Por outras palavras, deve ser um atleta completo e com um conjunto de características fundamentais para o 
seu desempenho. Do ponto de vista psicológico, ser guarda-redes é especialmente duro, porque 
requer uma contínua capacidade de concentração ao longo de todo o jogo. Por isso, deve ter um carácter forte que lhe permita suportar as críticas dos outros jogadores, 
treinadores, espectadores e especialmente da imprensa (Taelman, 2001). Tendo em conta todos estes factores já descritos, ser guarda-redes é um desafio 
que requer um talento específico, uma capacidade física incomum, aliada a uma grande 
personalidade. 

THE FOOTBALL GOALKEEPER TRAINING PROCESS: A STUDY WITH TWO GOALKEEPER-COACHES FROM TOP CLUBS OF THE PORTUGUESE PREMIER LEAGUE


Introdução

A pesquisa relacionada com o treino do guarda-redes em Futebol é ainda exígua.
Existe pouca informação e a que surge apresenta dados pouco relevantes ao nível do treino da equipa como um todo (Sainz de Baranda, 2005).

As referências encontradas tendem a centrar-se no treino do guarda-redes de forma isolada com propostas de exercícios descontextualizados dos problemas tácticos, de um Modelo e dos jogadores que compõem o plantel, entre outras variantes. Segundo Sainz de Baranda et al. (2005:15): O processo de ensino-aprendizagem do posto específico de guarda-redes, talvez seja a parte do treino mais esquecida no Futebol. Os mesmos autores apontam os factores para que tal ocorra: a necessidade do guarda-redes precisar de alguém que conheça os conteúdos de treino, a falta de tempo nos treinos, um desconhecimento daquilo que é ser guarda-redes, o que tem de ser e como se planifica o seu treino. Ou seja, podemos depreender que de facto, o treino de guarda-redes exige a presença de alguém que domine o conhecimento e os conteúdos de treino e que saiba o que é estar na baliza.
As áreas da psicologia e da aprendizagem motora são as que têm feito alguns investimentos.
Neste sentido alguns estudos têm procurado entender a acção do guarda-redes em termos de imaginação e visualização mental (Madeira, 2002), na sua relação com a tomada de decisão e com a percepção (Silva, 2001) e ainda com a velocidade de reacção (Festa et al., 2007).
O jogo de Futebol deve desenrolar-se em constante coordenação com a estrutura condicional necessária e sobretudo com a estrutura cognitiva, perceptiva e decisional (Garganta, 1997). Deste modo, quanto mais inteligente for o comportamento do guarda-redes em jogo, maior será o seu desempenho Táctico.
Neste sentido, Frade (2006) refere que o guarda-redes não deve ser um “atractor estranho” para os restantes elementos da equipa, necessitando de incluir no seu treino uma participação colectiva.
Sabendo que durante o jogo o guarda-redes deve perceber as situações em função de um vasto conjunto de referências (o seu posicionamento, o posicionamento dos colegas e dos adversários, a trajectória da bola, o espaço) antes de eleger a acção táctico-técnica mais adequada, também o treino deverá recriar este contexto incerto e variável (Sainz de Baranda, 2005).
Só assim poderá percepcionar, decidir e executar a acção mais adequada à situação.
Face à falta de estudos acerca do que deve ser o processo de treino do guarda-redes de Futebol, parece-nos relevante procurar percepcionar o modo como os treinadores concebem e operacionalizam o processo de treino do guarda-redes. 
Decorrente deste propósito central foram definidos os seguintes objectivos: . Indagar se as experiências tidas enquanto jogador influenciam o modo como concebem o processo de formação e treino do guarda-redes; Verificar quais os aspectos que são considerados determinantes no processo de Formação do guarda-redes; . Conhecer as concepções acerca do treino do guarda-redes e a forma como estas são operacionalizadas.

MATERIAL E MÉTODOS.

Participantes
Os participantes deste estudo foram dois treinadores de guarda-redes que actuam em dois clubes de referência da primeira Liga Portuguesa. O seu percurso na função de treinadores tem sido marcado por êxitos, nomeadamente pelo trabalho desenvolvido ao nível da formação que tem conduzido guarda-redes à selecção nacional de Portugal. Em termos de amostragem estes podem ser considerados casos extremos, porquanto têm obtido resultados desportivos visíveis, sendo que são reconhecidos pelos seus pares. Ambos têm Formação Superior em Educação Física e Desporto, o Treinador A (que será ficticiamente denominado por JS) é treinador de guarda-redes há mais de 20 anos sendo detentor de vários títulos, nomeadamente: campeão por três vezes no Campeonato Holandês, uma Taça da Holanda e uma Supertaça Holandesa. Em Portugal já venceu a Superliga quatro vezes, duas Taças de Portugal e uma Supertaça Portuguesa. Este foi treinador de Guarda-redes como Vítor Baía, Edwin Van der Sar, Helton e Maarten Stekelenburg, entre outros. O Treinador B (que será ficticiamente denominado por António Maia) é treinador há 6 anos, fazendo parte de uma nova vaga de treinadores de guarda-redes em Portugal. É detentor de título de Campeão de Nacional de Juniores, duas Taças de Portugal e duas Supertaças Portuguesas. Treinou guarda-redes como Rui Patrício, Ricardo Pereira tendo ambos já representado a Selecção Nacional Portuguesa.
Recolha e análise dos dados
Recorreu-se a uma entrevista semi-estruturada com 13 questões de resposta aberta, face ao facto de esta se assumir como a técnica mais adequada aos objectivos do estudo (Quadro 1). Esta forma permite aos entrevistados responderem às questões de forma exaustiva, utilizando as suas próprias palavras e quadros de referência (Ghiglione & Matalon, 1993). O Guião da entrevista foi construido e sujeito à validação de construção e de conteúdo.
Quadro 1 – Guião da entrevista.
Apresentação e Discussão dos Resultados
 As entrevistas foram gravadas por recurso a um gravador Olympus (VN240PC), sendo posteriormente transcritas na íntegra. Para a análise dos dados utilizou-se a análise de conteúdo partindo de um sistema categorial definido apriori. Deste modo o método foi predominantemente hipotético-dedutivo.
As categorias estabelecidas foram três:
 C1 – Plano das Experiências – incorpora toda a informação relativa às experiências, ao percurso desportivo como atleta que é referenciado como importante para o modo como encaram o treino do guarda-redes de Futebol.
C2 – Plano das Concepções – contempla o conteúdo informativo relativo às concepções acerca do processo de Formação e treino do guarda-redes.
C3 – Plano da Operacionalização – incorpora as informações relativas ao modo como o treinador organiza a sua prática como treinador.
Plano das Experiências
Nenhum dos nossos entrevistados viveu uma carreira ao mais elevado nível, contudo é notório que o facto de terem sido guarda-redes lhes proporcionou um conjunto de vivências que influencia o modo como concebem o processo de formação do guarda-redes. A experiência de estar na baliza contribuiu para aprenderem a pensar como guarda-redes, isto é, a terem um entendimento mais profundo das diversas situações.
A este respeito, António Maia afirma que: o vivenciar destas experiências ao longo dos anos, na segunda e na terceira divisão que foi o nível mais elevado a que joguei, foi extremamente importante e hoje em dia reconheço que me ajudaram imenso”. Estas vivências contribuem para um conhecimento mais sustentado, na medida em que utilizam tanto uma vertente conceptual, como processual de todo o treino. A relação intrínseca e indissociável entre conhecimento declarativo e processual, resulta daquilo que entendemos e compreendemos e daquilo que sentimos e que sabemos fazer sobre uma determinada matéria. Neste sentido Greco (2006) afirma que o conhecimento declarativo está mais relacionado com o saber o que fazer, enquanto o conhecimento processual está mais direccionado para o saber como fazer. Por sua vez JS salienta a importância daquilo que vivenciou como guarda-redes, referindo que lhe proporcionou conhecimento acerca do que é o treino.  Este salienta que existe uma estreita relação entre o treinar e o jogar, e que ambas as dimensões têm de ser coerentes entre si.
Para além disso, o guarda-redes tem sempre a sua natureza interior, ou seja, tem determinadas características que podem ser potenciadas ou não pelo sistema de jogo e pela forma de jogar.
Neste contexto, cabe ao treinador, definir um Modelo de Jogo com um determinado perfil de guarda-redes e a partir daí desenvolver toda a estrutura de treino e de prospecção dos guarda-redes, com base nesse perfil.
Ideia esta que podemos ver expressa no que JS refere no extracto que se segue: “…
como guarda-redes não era muito forte na linha de baliza, era mais forte a jogar nas costas da defesa e isso interferiu no desenvolvimento das minhas ideias…
.
Deste modo a ideia de que existe uma relação entre aquilo em que se acredita e o que se experiencia fica evidente, bem como a noção de que as convicções relativas à forma de treinar e de entender o jogo também parecem ter as suas origens nesta relação.
Plano das Concepções
Para ambos os Treinadores o processo de Formação do Guarda-redes deve ter como pano de fundo um trabalho de equipa consistente e estruturado orientado por concepções similares.
Segundo JS na noção de conjunto é fundamental: quando queres trabalhar segundo determinadas ideias, todas as pessoas que estão contigo têm de o fazer da mesma forma!  Todos têm de seguir as mesmas directrizes e quando isso não acontece, tens um grande problema..  Também o António Maia refere que o modelo de trabalho se for coerente e se seguir uma linha progressiva pode dar frutos!.  
Neste sentido, Leal & Quinta (2001, cit. por Moita, 2008) consideram essencial que todos os agentes ligados ao processo de formação tenham a mesma concepção de jogo, de treino e de jogador, perspectivando-a por um prisma idêntico.
Ao nível do processo de Formação propriamente dito, os dois treinadores evidenciam concepções diferenciadas. Enquanto que JS considera que existem dois tipos de Guarda-Redes: os de Antecipação e os de Reacção: A grande diferença entre eles é que um guarda-redes de antecipação pensa mais, é capaz de ler o jogo com muita qualidade e consegue perceber as situações antes que elas aconteçam efectivamente, antecipando-as e resolvendo-as antes que se tornassem realmente problemas para a equipa. Um guarda-redes de reacção é muito explosivo e poderoso e está sempre tão preocupado e concentrado nessa acção única que simplesmente não consegue pensar. A sua leitura do jogo é muito limitada…”
Já António Maia, considera que podem existir diferenças na morfologia dos guarda-redes, mas o mais importante é o processo de treino pelo qual eles passam:
 ”numa equipa que passe a maior parte do tempo a atacar e em processo ofensivo, o guarda-redes deverá jogar mais fora da baliza, se a equipa joga com um bloco baixo já se pretende um guarda-redes que reponha muito bem a bola, desde que se privilegie um método de contra-ataque ou ataque rápido…”
Independentemente desta divergência o conteúdo informativo remete-nos para um consenso, entre os dois treinadores em torno de três aspectos que devem ser incorporados no processo de Formação do guarda-redes:
1) nas etapas iniciais de formação, até aos sub-14, a grande centração do treino deve ser ao nível dos conteúdos táctico-técnicos, após esta etapa a componente táctica deve ganhar maior importância, sendo que a técnica deve ser objecto de refinamento por recurso a acções cada vez mais complexas com apelos superiores às dimensões Física e Psicológica sem no entanto se assumirem como as dimensões mais importantes do Processo de Treino.
Este ponto encontra paralelo nas preocupações evidenciadas por Hoek (2006) para quem o ensino dos aspectos táctico-técnicos deve ser a dimensão mais relevante do treino do guarda-redes;
2) o posicionamento e o contexto de Cruzamento (situações de jogo em que o cruzamento pode surgir, nomeadamente os cantos, os livres laterais, as penetrações pelos corredores laterais, etc…) são duas situações táctico-técnicas que um guarda-redes tem de dominar para que possa ser um guarda-redes de desempenho superior.
JS refere que “Para mim…eles (guarda-redes) devem sempre é saber como se devem posicionar!”.
 
3) o que os guarda-redes têm que fazer devem estar assente nos princípios que se querem privilegiados, tem que existir uma estreita articulação entre os principios defendidos e a configuração do treino que se ministra.


JS
 reforça esta ideia dizendo que:
 “… os princípios estão escritos na nossa filosofia e a única coisa que temos de fazer é guiar as coisas para que haja coerência entre o que fazemos e aquilo que escrevemos.

Oliveira (2004) refere que os princípios de jogo concretizam uma determinada identidade da equipa, os quais são evidenciados nos diferentes momentos de jogo e podem ser decompostos em sub-princípios, sem que com isso deixem de representar o todo e o Modelo que lhes dá origem.
Plano da Operacionalização
Os treinadores referem que no Treino do Guarda-Redes propriamente dito, deve-se considerar a necessidade de se articular o treino específico com o treino com a equipa, sendo que o guarda-redes deverá assumir um papel determinante em todos os momentos do jogo e no Colectivo.
Neste contexto, Frade (2006) refere que: a operacionalização do jogar (conceito de Modelo) só acontece quando há Especificidade, isto é, quando há Articulação de Sentido para contextualizar o que acontece
J
S refere que “tens de construir exercícios relacionados com a forma de jogar da equipa e com vários momentos de intervenção em que possas dar a cada guarda-redes o feedback que ele precisa para evoluir” e António Maia denuncia uma opinião semelhante quando menciona que: Nós já temos um modelo bastante cimentado e desde o primeiro dia que o guarda-redes se treina congruentemente com o modelo da equipa. 
Portanto, não há espaço para que isso possa não acontecer…
Por conseguinte, as ideias que sobressaem consubstanciam-se na tipologia dos exercícios de treino que devem ser Específicos de modo a que a congruência entre o Modelo, os Princípios Colectivos e a forma de Jogar da equipa, seja possível. Sainz de Baranda et al. (2008), referem ainda que é necessário criar-se exercícios de treino que permitam ao guarda-redes pensar sobre as suas acções e assumir um posicionamento adequado em cada momento do jogo. Por conseguinte, se o treino permitir que os guarda-redes activem aquilo que Jensen (2002) chama de “potencial de memória”, ou seja, um estado de preparação que faz com que o cérebro, perante estímulos que ele reconhece, se active mais rapidamente, reduzindo o tempo de resposta a uma dada acção, este potenciará a capacidade de antecipação e tornando-os mais capazes. Como menciona JS … trata-se de reconhecer as situações mais cedo, porque já as viveram nos treinos. Estão sempre um passo à frente
Acresce que o mesmo treinador considera que a intervenção é determinante, tal como podemos ver no extracto seguinte: para mim a intervenção é muito importante, os exercícios não são importantes!  
O importante é o feedback que lhes transmites! O que lhes dizes, no momento em que algo acontece! É a parte mais importante… especialmente o timing da tua intervenção para os fazeres entender, principalmente aos mais novos, que estás a corrigir a acção que eles realizaram imediatamente antes”.  A noção de que o feedback é um elemento essencial para se conseguir alcançar os objectivos delineados fica aqui bem evidente. É através do Feedback que o guarda-redes entende exactamente aquilo que se pretende dele, levando-o a distinguir o essencial do acessório.

Deste modo, o feedback funciona como veículo da Especificidade, conduzindo à assimilação das ideias do treinador.

Conclusões

Os treinadores evidenciaram que as suas experiências como jogadores influenciaram o modo como concebem o treino do guarda-redes ao longo do processo de formação. Contudo, a noção de que um treinador de guarda-redes pode ser competente sem ter tido vivências como guarda-redes, também ficou evidente, pese embora tenha sido reconhecido que saber o que é estar na baliza se traduz numa vantagem substancial.
Relativamente ao processo de formação do guarda-redes os treinadores consideram que o guarda-redes deve ser inserido num processo de treino gradualmente mais complexo e exigente, sendo que o reconhecimento de situações de jogo, o desempenho nos cruzamentos, o posicionamento evidenciado em todos os momentos do jogo e a aquisição de comportamentos enquadrados por um determinado jogar específico são aspectos determinantes. Isto sucede porque é necessária uma coerência constante entre o processo de treino e os comportamentos requeridos no jogo e se o treino for pautado pelo reconhecimento de contextos e de situações de jogo, a percepção e a antecipação desses cenários por parte do guarda-redes será mais provável. De evidenciar ainda que o JS refere que existem guarda-redes que têm determinadas características que lhes permitem ter mais capacidade para jogar em antecipação e para serem óptimos nessas leituras. Por outro lado, António Maia refere que o Modelo em que o guarda-redes está inserido é o principal responsável pela forma como ele vai jogar e por isso, as características dos guarda-redes são sempre moldáveis pelo processo de treino. No que concerne ao treino do guarda-redes ficou patente que o treinador de guarda-redes deve ter presente que a intervenção é a chave do processo de ensino-aprendizagem, é ela que permite que a Especificidade se concretize. 
Se a intervenção não for coerente com as concepções criadas e com os Princípios estabelecidos, todo o processo sofrerá dissonâncias que afectarão o desempenho do guarda-redes. Todo o processo de treino deverá ser direccionado para o comportamento do guarda-redes idealizado para o nosso Modelo de Jogo e isso só será possível se os três Planos interagirem e convergirem de forma fluida e dinâmica.

quarta-feira, outubro 02, 2013

HEIGHT IN GOALKEEPER OF MODERN FOOTBALL


Este Sábado, no final do excelente jogo entre Braga e Leixões, mais do que se discutir questões técnicas ou tácticas, mais do que discutir pistas ou perspectivas futuras para as equipas, discutiram-se alturas. Tudo porque, penso, que de certo modo, se deu outro sentido às declarações de Jorge Jesus, quando este afirmou que Beto que nunca poderia vir a ser um extraordinário guarda-redes, devido à sua altura.
Esta não é, indiscutivelmente, uma opinião singular, embora penso que incompleta.
Existem muitos técnicos, olheiros ou analistas que vêem as coisas muito por este prisma.
A de que um guarda-redes terá que ter na altura, uma das suas características fundamentais para o desempenho das suas tarefas.
Há inúmeros casos de guarda-redes que combatem esse factor, com um diferente posicionamento ou trabalhando a agilidade.
Em situação de jogo, não é de todo incomum vermos guardiões menos altos a defender dois passos à frente da linha de baliza. É uma forma inteligente de actuar.
Mas tem inconvenientes, óbvios, como uma maior exposição.
Contudo, também me parece redutor avaliar um guarda-redes exclusivamente pela sua altura.
Atributos como os já referidos posicionamento e agilidade, a coragem, a frieza, a impulsão (que em muitos casos torna quase irrelevante a altura), a saída a cruzamentos, os reflexos, a concentração ou até mesmo o instinto, são tão ou mais importantes no desempenho desta função.
Outros ainda há que no futebol moderno ganharam uma dimensão importante.
E que exigiram do guarda-redes uma aproximação aos jogadores de campo, no sentido técnico de jogo com os pés.
Quer através de reposições imediatas e preciosas de bola, em equipas que utilizem transições rápidas, quer através de jogo com os companheiros (recepção e passe), no sentido de dotar a equipa de mais soluções (quando por exemplo em situações de pressão), quer também na rapidez e leitura de jogo e ocupação dos espaços, quando a equipa pretende jogar com as linhas mais adiantadas (a propósito deste último, faz-me alguma confusão alguma incapacidade de Moreira ou Quim e de Rui Patrício em fazê-lo bem, ao contrário de Helton ) .
Concluindo, do guarda-redes espera-se actualmente um muito maior conjunto de características. 
O que faz dissipar de certa forma a importância da altura.
O que me impede de concordar a 100% com as afirmações de Jorge Jesus. Contudo, e como é óbvio, em guarda-redes de valia semelhante, a altura será sempre um factor de 'desempate', no sentido do elemento mais alto.
E que me perdoe José Mota (que também o sei, no final do jogo quis unir, proteger e motivar ainda mais o grupo em geral e Beto em particular) mas mesmo considerando Beto um excelente guarda-redes, no cômputo geral, prefiro Eduardo.
E considero-os, analisando não características individuais, mas exibições em 2008/2009, os dois melhores guardiões do campeonato.

PS: Fazendo uma espécie de 'Prós e Contras' às declarações de Jesus vemos por exemplo, que Vítor Damas e Michel Preud Homme conseguiram ser extraordinários guarda-redes com menos de 1,85m. Manuel Bento então, nem se fala. No entanto, hoje em dia, olhando para aqueles que considero os melhores guardiões do futebol europeu, constatamos que Casillas, Buffon, Cech, Van der Sar, Júlio César ou Boruc têm todos altura superior a 1,85.

A FUNDAMENTAL AUSÊNCIA DE VALDÉS NO MODELO BARÇA

Quando Johan Cruyff despediu Zubizarreta no aeroporto de Atenas, depois da humilhante derrota contra o AC Milan de Capello, seguramente não imaginava que teria de passar uma década até que o Barcelona encontrasse um guarda-redes capaz de interpretar perfeitamente a sua filosofia de jogo. Os adeptos blaugrana esperam agora não ter de esperar uma década mais até que Victor Valdés tenha sucessor. Porque o seu papel no modelo Barça é fundamental.
Quando Valdés erra, com os pés, a maioria dos adeptos e analistas activa de imediato o modo crítico. Esquecem-se, talvez, que o catalão é um dos poucos guarda-redes do Mundo que utiliza os pés mais do que as mãos. É isso que se lhe exige, foi para isso que foi treinado desde pequeno. Valdés é o sucessor mediático de Grosics, o polémico e incendiário guarda-redes húngaro da Aranyascap orientada por Gustav Sebes. Quando os ensinamentos da escola danubiana viajaram, primeiro para Amesterdão e depois para Barcelona, a ideia de um guarda-redes capaz de jogar com o resto da equipa vinha na mala. E ficou. Ao contrário dos guarda-redes sul-americanos, que com os pés desafiam a sua natureza e sonham com algo mais que só o sonho potrero pode aspirar, Valdés utiliza os pés com critério. O mesmo critério que todos os outros colegas de equipa e, tantas vezes, superior ao de muitos rivais. Numa equipa de tracção à frente, que concede poucas ocasiões, o trabalho do guarda-redes é fundamental. Valdés foi herói em Paris, quando Henry teve a Champions League no bolso. 
Foi também fundamental em aguentar o assédio do Manchester United em Roma, até que a combinação Iniesta, Xavi e Messi começou a funcionar. E durante estes últimos dez anos foi o único guarda-redes que soube compreender a natureza da baliza do Camp Nou. Entre o basco Zubizarreta e ele passaram uma infinidade de guarda-redes, todos de características muito distintas mas com um ponto em comum: nenhum sabia manejar bem a bola com os pés. Nem Vitor Baía, nem Ruud Hesp, nem Roberto Bonano, nem Francesc Arnau, nem Robert Enke, nem sequer Pepe Reina, forjado na mesma filosofia, entenderam tão bem como Valdés o que lhe era exigido. 
Ser o primeiro a fazer jogar.

Guardiola defendeu sempre Valdés como peça nuclear do seu modelo de jogo. Não só porque sabia sair a jogar com os pés, oferecendo o homem extra na defesa que ele sacrificava para enviar ao ataque. O seu 3-3-4 às vezes tornava-se num 4-3-4 porque Valdés subia no terreno e oferecia uma alternativa de passe extra ao jogador com a bola. Os colegas sabiam que podiam confiar nele. Errou. Algumas vezes errou. E por ser o guarda-redes, o último homem à face da terra, a equipa pagou o preço. Mas não abdicou da sua forma de jogar. Não por um erro, nem por mil. Muitos criticaram o técnico catalão pela sua fidelidade a Pinto - um guarda-redes bem distante da escola blaugrana mas peça fundamental no balneário - ao fazê-lo jogar a final da Copa del Rey que Cristiano Ronaldo decidiu com um golpe de cabeça impossível a favor do Real Madrid. Mas nesse momento a transcendência de Valdés não se notou no golo sofrido mas sim nos problemas que os catalães encontraram ao sair com a bola controlada. Na semana seguinte, Valdés voltou a demonstrar a sua inteligência de jogo, não saindo com a bola controlado mas com um lançamento longo preciso que leu o desmarque de Pedro com a mesma inteligência de jogo que um passe de Xavi teria tido uns metros à frente. O Barcelona marcou e fechou a polémica meia-final da Champions League. Seria a terceira medalha ao peito do guarda-redes, o mais laureado dos guarda-redes espanhóis em provas da UEFA. Dez anos depois de van Gaal lhe ter dado a primeira oportunidade, Valdés está farto. Sofreu a pressão dos maus anos de Rijkaard, nunca conquistou definitivamente a admiração do próprio público, o mesmo que duvidava do valor de Xavi e Iniesta antes da chegada de Guardiola, e não gostou sobretudo de ter sido o bode expiatório das derrotas e o nome silenciado nas vitórias. É um homem de desafios extremos, amante do surf e dos desportos radicais, filho de uma geração da Masia que, salvo ele, não triunfou como se esperava. Antes dele já estavam Puyol e Xavi, logo a seguir veio Iniesta, Messi e companhia, mas ele surgiu sozinho. E sozinho vai partir. Deixará saudades e sobretudo um vazio que os directivos ainda não sabem como preencher. Porque, fiel à sua formação, é um guarda-redes único. Na cantera blaugrana há jovens com potencial mas que precisam de muitos anos e minutos para chegar à excelência que este projecto exige. E no mercado não deixa de haver grandes guarda-redes, como Vitor Baía o foi, mas cujo o valor fica para segundo plano quando a exigência de enquadrar-se num esquema já custou tanto a Ibrahimovic ou Villa, no outro extremo do terreno de jogo.

Valdés nunca se consagrou como o grande guarda-redes espanhol porque a sombra de Casillas é imensa e incontestada. Mas o seu percurso profissional é um exemplo perfeito de como uma filosofia de jogo é capaz de gerar jogadores para posições distintas mas com o mesmo ADN. Qualquer que seja o clube que o receba, terá um reforço radicalmente diferente à sua forma de jogar. Qualquer que seja o seu substituto, perderá sempre na comparação com a essa entrega ao projecto Barça. No final, Valdés e o Barcelona estão feitos um para o outro e a separação, como sucedeu com Lennon e McCartney, trará mais problemas a ambos do que soluções.

WELCOME

Bem-vindo ao meu Blog
Minha vida profissional e desportiva sempre esteve ligada ao futebol, para o papel do guarda-redes e formação específica, tornando-se por muitos anos o meu trabalho principal.
Eu tive sorte o suficiente para treinar em quase todas as categorias.
Todas essas experiências, reuniões com técnicos, o guarda-redes, a sociedade, as diferentes culturas fizeram de mim o que sou hoje crescer mais do que um professor que não quer parar de aprender.
Então eu vou tentar compartilhar com vocês a minha paixão.
Divirta-se e um grande abraço a todos!

Paulo Fortunato ⚽️










CURRICULUM

NOME: PAULO FORTUNATO
ANO NASCIMENTO: 1978
NATURALIDADE: COSTA DA CAPARICA
NACIONALIDADE: PORTUGUESA
EMAIL: paulofortunato78@gmail.com
TELF: +351 92 68 49 738

TREINADOR DE GUARDA-REDES:

2008/2009 Beira Mar de Almada
2009/2010 Beira Mar de Almada
2010/2011 Clube Futebol Trafaria
2010/2011 Belenenses SAD SUB-19
2011/2012 Almada Atlético Clube
2012/2013 Odivelas SAD
2013/2014 Odivelas SAD
2014 SELECAO NACIONAL AZERBAIJÃO
2015 SELECAO NACIONAL AZERBAIJAO
2015/2016 AD Carregado
2016 CASA BENFICA LOURES (Praia)
2017 CASA BENFICA LOURES (Praia)
2018 CASA BENFICA LOURES (Praia)
2019 GDP Costa Caparica (Praia)
2019 Club Sport Marítimo (Praia)


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2008/2009 Subida de Divisão
2011/2012 Subida de Divisão
2012/2013 Campeão
2013/2014 Subida de Divisão
2014 Participação Super-Final da Liga Europeia em Torredembarra Espanha
2014 Participação na Qualificação para o Campeonato do Mundo em Jesolo
2015 Participação Super Cup da Europa em Baku Azerbaijan
2015 Participação Super-Final da Liga Europeia em Siofok Estônia
2015 Participação 1st European Games em Baku Azerbaijan
2016 Vencedor Taça AFL
2017 Vencedor Taça de Lisboa
2018 Campeão da Liga de Inverno

AFFA AZERBAIJAN

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