sexta-feira, outubro 04, 2013

THE FOOTBALL GOALKEEPER TRAINING PROCESS: A STUDY WITH TWO GOALKEEPER-COACHES FROM TOP CLUBS OF THE PORTUGUESE PREMIER LEAGUE


Introdução

A pesquisa relacionada com o treino do guarda-redes em Futebol é ainda exígua.
Existe pouca informação e a que surge apresenta dados pouco relevantes ao nível do treino da equipa como um todo (Sainz de Baranda, 2005).

As referências encontradas tendem a centrar-se no treino do guarda-redes de forma isolada com propostas de exercícios descontextualizados dos problemas tácticos, de um Modelo e dos jogadores que compõem o plantel, entre outras variantes. Segundo Sainz de Baranda et al. (2005:15): O processo de ensino-aprendizagem do posto específico de guarda-redes, talvez seja a parte do treino mais esquecida no Futebol. Os mesmos autores apontam os factores para que tal ocorra: a necessidade do guarda-redes precisar de alguém que conheça os conteúdos de treino, a falta de tempo nos treinos, um desconhecimento daquilo que é ser guarda-redes, o que tem de ser e como se planifica o seu treino. Ou seja, podemos depreender que de facto, o treino de guarda-redes exige a presença de alguém que domine o conhecimento e os conteúdos de treino e que saiba o que é estar na baliza.
As áreas da psicologia e da aprendizagem motora são as que têm feito alguns investimentos.
Neste sentido alguns estudos têm procurado entender a acção do guarda-redes em termos de imaginação e visualização mental (Madeira, 2002), na sua relação com a tomada de decisão e com a percepção (Silva, 2001) e ainda com a velocidade de reacção (Festa et al., 2007).
O jogo de Futebol deve desenrolar-se em constante coordenação com a estrutura condicional necessária e sobretudo com a estrutura cognitiva, perceptiva e decisional (Garganta, 1997). Deste modo, quanto mais inteligente for o comportamento do guarda-redes em jogo, maior será o seu desempenho Táctico.
Neste sentido, Frade (2006) refere que o guarda-redes não deve ser um “atractor estranho” para os restantes elementos da equipa, necessitando de incluir no seu treino uma participação colectiva.
Sabendo que durante o jogo o guarda-redes deve perceber as situações em função de um vasto conjunto de referências (o seu posicionamento, o posicionamento dos colegas e dos adversários, a trajectória da bola, o espaço) antes de eleger a acção táctico-técnica mais adequada, também o treino deverá recriar este contexto incerto e variável (Sainz de Baranda, 2005).
Só assim poderá percepcionar, decidir e executar a acção mais adequada à situação.
Face à falta de estudos acerca do que deve ser o processo de treino do guarda-redes de Futebol, parece-nos relevante procurar percepcionar o modo como os treinadores concebem e operacionalizam o processo de treino do guarda-redes. 
Decorrente deste propósito central foram definidos os seguintes objectivos: . Indagar se as experiências tidas enquanto jogador influenciam o modo como concebem o processo de formação e treino do guarda-redes; Verificar quais os aspectos que são considerados determinantes no processo de Formação do guarda-redes; . Conhecer as concepções acerca do treino do guarda-redes e a forma como estas são operacionalizadas.

MATERIAL E MÉTODOS.

Participantes
Os participantes deste estudo foram dois treinadores de guarda-redes que actuam em dois clubes de referência da primeira Liga Portuguesa. O seu percurso na função de treinadores tem sido marcado por êxitos, nomeadamente pelo trabalho desenvolvido ao nível da formação que tem conduzido guarda-redes à selecção nacional de Portugal. Em termos de amostragem estes podem ser considerados casos extremos, porquanto têm obtido resultados desportivos visíveis, sendo que são reconhecidos pelos seus pares. Ambos têm Formação Superior em Educação Física e Desporto, o Treinador A (que será ficticiamente denominado por JS) é treinador de guarda-redes há mais de 20 anos sendo detentor de vários títulos, nomeadamente: campeão por três vezes no Campeonato Holandês, uma Taça da Holanda e uma Supertaça Holandesa. Em Portugal já venceu a Superliga quatro vezes, duas Taças de Portugal e uma Supertaça Portuguesa. Este foi treinador de Guarda-redes como Vítor Baía, Edwin Van der Sar, Helton e Maarten Stekelenburg, entre outros. O Treinador B (que será ficticiamente denominado por António Maia) é treinador há 6 anos, fazendo parte de uma nova vaga de treinadores de guarda-redes em Portugal. É detentor de título de Campeão de Nacional de Juniores, duas Taças de Portugal e duas Supertaças Portuguesas. Treinou guarda-redes como Rui Patrício, Ricardo Pereira tendo ambos já representado a Selecção Nacional Portuguesa.
Recolha e análise dos dados
Recorreu-se a uma entrevista semi-estruturada com 13 questões de resposta aberta, face ao facto de esta se assumir como a técnica mais adequada aos objectivos do estudo (Quadro 1). Esta forma permite aos entrevistados responderem às questões de forma exaustiva, utilizando as suas próprias palavras e quadros de referência (Ghiglione & Matalon, 1993). O Guião da entrevista foi construido e sujeito à validação de construção e de conteúdo.
Quadro 1 – Guião da entrevista.
Apresentação e Discussão dos Resultados
 As entrevistas foram gravadas por recurso a um gravador Olympus (VN240PC), sendo posteriormente transcritas na íntegra. Para a análise dos dados utilizou-se a análise de conteúdo partindo de um sistema categorial definido apriori. Deste modo o método foi predominantemente hipotético-dedutivo.
As categorias estabelecidas foram três:
 C1 – Plano das Experiências – incorpora toda a informação relativa às experiências, ao percurso desportivo como atleta que é referenciado como importante para o modo como encaram o treino do guarda-redes de Futebol.
C2 – Plano das Concepções – contempla o conteúdo informativo relativo às concepções acerca do processo de Formação e treino do guarda-redes.
C3 – Plano da Operacionalização – incorpora as informações relativas ao modo como o treinador organiza a sua prática como treinador.
Plano das Experiências
Nenhum dos nossos entrevistados viveu uma carreira ao mais elevado nível, contudo é notório que o facto de terem sido guarda-redes lhes proporcionou um conjunto de vivências que influencia o modo como concebem o processo de formação do guarda-redes. A experiência de estar na baliza contribuiu para aprenderem a pensar como guarda-redes, isto é, a terem um entendimento mais profundo das diversas situações.
A este respeito, António Maia afirma que: o vivenciar destas experiências ao longo dos anos, na segunda e na terceira divisão que foi o nível mais elevado a que joguei, foi extremamente importante e hoje em dia reconheço que me ajudaram imenso”. Estas vivências contribuem para um conhecimento mais sustentado, na medida em que utilizam tanto uma vertente conceptual, como processual de todo o treino. A relação intrínseca e indissociável entre conhecimento declarativo e processual, resulta daquilo que entendemos e compreendemos e daquilo que sentimos e que sabemos fazer sobre uma determinada matéria. Neste sentido Greco (2006) afirma que o conhecimento declarativo está mais relacionado com o saber o que fazer, enquanto o conhecimento processual está mais direccionado para o saber como fazer. Por sua vez JS salienta a importância daquilo que vivenciou como guarda-redes, referindo que lhe proporcionou conhecimento acerca do que é o treino.  Este salienta que existe uma estreita relação entre o treinar e o jogar, e que ambas as dimensões têm de ser coerentes entre si.
Para além disso, o guarda-redes tem sempre a sua natureza interior, ou seja, tem determinadas características que podem ser potenciadas ou não pelo sistema de jogo e pela forma de jogar.
Neste contexto, cabe ao treinador, definir um Modelo de Jogo com um determinado perfil de guarda-redes e a partir daí desenvolver toda a estrutura de treino e de prospecção dos guarda-redes, com base nesse perfil.
Ideia esta que podemos ver expressa no que JS refere no extracto que se segue: “…
como guarda-redes não era muito forte na linha de baliza, era mais forte a jogar nas costas da defesa e isso interferiu no desenvolvimento das minhas ideias…
.
Deste modo a ideia de que existe uma relação entre aquilo em que se acredita e o que se experiencia fica evidente, bem como a noção de que as convicções relativas à forma de treinar e de entender o jogo também parecem ter as suas origens nesta relação.
Plano das Concepções
Para ambos os Treinadores o processo de Formação do Guarda-redes deve ter como pano de fundo um trabalho de equipa consistente e estruturado orientado por concepções similares.
Segundo JS na noção de conjunto é fundamental: quando queres trabalhar segundo determinadas ideias, todas as pessoas que estão contigo têm de o fazer da mesma forma!  Todos têm de seguir as mesmas directrizes e quando isso não acontece, tens um grande problema..  Também o António Maia refere que o modelo de trabalho se for coerente e se seguir uma linha progressiva pode dar frutos!.  
Neste sentido, Leal & Quinta (2001, cit. por Moita, 2008) consideram essencial que todos os agentes ligados ao processo de formação tenham a mesma concepção de jogo, de treino e de jogador, perspectivando-a por um prisma idêntico.
Ao nível do processo de Formação propriamente dito, os dois treinadores evidenciam concepções diferenciadas. Enquanto que JS considera que existem dois tipos de Guarda-Redes: os de Antecipação e os de Reacção: A grande diferença entre eles é que um guarda-redes de antecipação pensa mais, é capaz de ler o jogo com muita qualidade e consegue perceber as situações antes que elas aconteçam efectivamente, antecipando-as e resolvendo-as antes que se tornassem realmente problemas para a equipa. Um guarda-redes de reacção é muito explosivo e poderoso e está sempre tão preocupado e concentrado nessa acção única que simplesmente não consegue pensar. A sua leitura do jogo é muito limitada…”
Já António Maia, considera que podem existir diferenças na morfologia dos guarda-redes, mas o mais importante é o processo de treino pelo qual eles passam:
 ”numa equipa que passe a maior parte do tempo a atacar e em processo ofensivo, o guarda-redes deverá jogar mais fora da baliza, se a equipa joga com um bloco baixo já se pretende um guarda-redes que reponha muito bem a bola, desde que se privilegie um método de contra-ataque ou ataque rápido…”
Independentemente desta divergência o conteúdo informativo remete-nos para um consenso, entre os dois treinadores em torno de três aspectos que devem ser incorporados no processo de Formação do guarda-redes:
1) nas etapas iniciais de formação, até aos sub-14, a grande centração do treino deve ser ao nível dos conteúdos táctico-técnicos, após esta etapa a componente táctica deve ganhar maior importância, sendo que a técnica deve ser objecto de refinamento por recurso a acções cada vez mais complexas com apelos superiores às dimensões Física e Psicológica sem no entanto se assumirem como as dimensões mais importantes do Processo de Treino.
Este ponto encontra paralelo nas preocupações evidenciadas por Hoek (2006) para quem o ensino dos aspectos táctico-técnicos deve ser a dimensão mais relevante do treino do guarda-redes;
2) o posicionamento e o contexto de Cruzamento (situações de jogo em que o cruzamento pode surgir, nomeadamente os cantos, os livres laterais, as penetrações pelos corredores laterais, etc…) são duas situações táctico-técnicas que um guarda-redes tem de dominar para que possa ser um guarda-redes de desempenho superior.
JS refere que “Para mim…eles (guarda-redes) devem sempre é saber como se devem posicionar!”.
 
3) o que os guarda-redes têm que fazer devem estar assente nos princípios que se querem privilegiados, tem que existir uma estreita articulação entre os principios defendidos e a configuração do treino que se ministra.


JS
 reforça esta ideia dizendo que:
 “… os princípios estão escritos na nossa filosofia e a única coisa que temos de fazer é guiar as coisas para que haja coerência entre o que fazemos e aquilo que escrevemos.

Oliveira (2004) refere que os princípios de jogo concretizam uma determinada identidade da equipa, os quais são evidenciados nos diferentes momentos de jogo e podem ser decompostos em sub-princípios, sem que com isso deixem de representar o todo e o Modelo que lhes dá origem.
Plano da Operacionalização
Os treinadores referem que no Treino do Guarda-Redes propriamente dito, deve-se considerar a necessidade de se articular o treino específico com o treino com a equipa, sendo que o guarda-redes deverá assumir um papel determinante em todos os momentos do jogo e no Colectivo.
Neste contexto, Frade (2006) refere que: a operacionalização do jogar (conceito de Modelo) só acontece quando há Especificidade, isto é, quando há Articulação de Sentido para contextualizar o que acontece
J
S refere que “tens de construir exercícios relacionados com a forma de jogar da equipa e com vários momentos de intervenção em que possas dar a cada guarda-redes o feedback que ele precisa para evoluir” e António Maia denuncia uma opinião semelhante quando menciona que: Nós já temos um modelo bastante cimentado e desde o primeiro dia que o guarda-redes se treina congruentemente com o modelo da equipa. 
Portanto, não há espaço para que isso possa não acontecer…
Por conseguinte, as ideias que sobressaem consubstanciam-se na tipologia dos exercícios de treino que devem ser Específicos de modo a que a congruência entre o Modelo, os Princípios Colectivos e a forma de Jogar da equipa, seja possível. Sainz de Baranda et al. (2008), referem ainda que é necessário criar-se exercícios de treino que permitam ao guarda-redes pensar sobre as suas acções e assumir um posicionamento adequado em cada momento do jogo. Por conseguinte, se o treino permitir que os guarda-redes activem aquilo que Jensen (2002) chama de “potencial de memória”, ou seja, um estado de preparação que faz com que o cérebro, perante estímulos que ele reconhece, se active mais rapidamente, reduzindo o tempo de resposta a uma dada acção, este potenciará a capacidade de antecipação e tornando-os mais capazes. Como menciona JS … trata-se de reconhecer as situações mais cedo, porque já as viveram nos treinos. Estão sempre um passo à frente
Acresce que o mesmo treinador considera que a intervenção é determinante, tal como podemos ver no extracto seguinte: para mim a intervenção é muito importante, os exercícios não são importantes!  
O importante é o feedback que lhes transmites! O que lhes dizes, no momento em que algo acontece! É a parte mais importante… especialmente o timing da tua intervenção para os fazeres entender, principalmente aos mais novos, que estás a corrigir a acção que eles realizaram imediatamente antes”.  A noção de que o feedback é um elemento essencial para se conseguir alcançar os objectivos delineados fica aqui bem evidente. É através do Feedback que o guarda-redes entende exactamente aquilo que se pretende dele, levando-o a distinguir o essencial do acessório.

Deste modo, o feedback funciona como veículo da Especificidade, conduzindo à assimilação das ideias do treinador.

Conclusões

Os treinadores evidenciaram que as suas experiências como jogadores influenciaram o modo como concebem o treino do guarda-redes ao longo do processo de formação. Contudo, a noção de que um treinador de guarda-redes pode ser competente sem ter tido vivências como guarda-redes, também ficou evidente, pese embora tenha sido reconhecido que saber o que é estar na baliza se traduz numa vantagem substancial.
Relativamente ao processo de formação do guarda-redes os treinadores consideram que o guarda-redes deve ser inserido num processo de treino gradualmente mais complexo e exigente, sendo que o reconhecimento de situações de jogo, o desempenho nos cruzamentos, o posicionamento evidenciado em todos os momentos do jogo e a aquisição de comportamentos enquadrados por um determinado jogar específico são aspectos determinantes. Isto sucede porque é necessária uma coerência constante entre o processo de treino e os comportamentos requeridos no jogo e se o treino for pautado pelo reconhecimento de contextos e de situações de jogo, a percepção e a antecipação desses cenários por parte do guarda-redes será mais provável. De evidenciar ainda que o JS refere que existem guarda-redes que têm determinadas características que lhes permitem ter mais capacidade para jogar em antecipação e para serem óptimos nessas leituras. Por outro lado, António Maia refere que o Modelo em que o guarda-redes está inserido é o principal responsável pela forma como ele vai jogar e por isso, as características dos guarda-redes são sempre moldáveis pelo processo de treino. No que concerne ao treino do guarda-redes ficou patente que o treinador de guarda-redes deve ter presente que a intervenção é a chave do processo de ensino-aprendizagem, é ela que permite que a Especificidade se concretize. 
Se a intervenção não for coerente com as concepções criadas e com os Princípios estabelecidos, todo o processo sofrerá dissonâncias que afectarão o desempenho do guarda-redes. Todo o processo de treino deverá ser direccionado para o comportamento do guarda-redes idealizado para o nosso Modelo de Jogo e isso só será possível se os três Planos interagirem e convergirem de forma fluida e dinâmica.

quarta-feira, outubro 02, 2013

HEIGHT IN GOALKEEPER OF MODERN FOOTBALL


Este Sábado, no final do excelente jogo entre Braga e Leixões, mais do que se discutir questões técnicas ou tácticas, mais do que discutir pistas ou perspectivas futuras para as equipas, discutiram-se alturas. Tudo porque, penso, que de certo modo, se deu outro sentido às declarações de Jorge Jesus, quando este afirmou que Beto que nunca poderia vir a ser um extraordinário guarda-redes, devido à sua altura.
Esta não é, indiscutivelmente, uma opinião singular, embora penso que incompleta.
Existem muitos técnicos, olheiros ou analistas que vêem as coisas muito por este prisma.
A de que um guarda-redes terá que ter na altura, uma das suas características fundamentais para o desempenho das suas tarefas.
Há inúmeros casos de guarda-redes que combatem esse factor, com um diferente posicionamento ou trabalhando a agilidade.
Em situação de jogo, não é de todo incomum vermos guardiões menos altos a defender dois passos à frente da linha de baliza. É uma forma inteligente de actuar.
Mas tem inconvenientes, óbvios, como uma maior exposição.
Contudo, também me parece redutor avaliar um guarda-redes exclusivamente pela sua altura.
Atributos como os já referidos posicionamento e agilidade, a coragem, a frieza, a impulsão (que em muitos casos torna quase irrelevante a altura), a saída a cruzamentos, os reflexos, a concentração ou até mesmo o instinto, são tão ou mais importantes no desempenho desta função.
Outros ainda há que no futebol moderno ganharam uma dimensão importante.
E que exigiram do guarda-redes uma aproximação aos jogadores de campo, no sentido técnico de jogo com os pés.
Quer através de reposições imediatas e preciosas de bola, em equipas que utilizem transições rápidas, quer através de jogo com os companheiros (recepção e passe), no sentido de dotar a equipa de mais soluções (quando por exemplo em situações de pressão), quer também na rapidez e leitura de jogo e ocupação dos espaços, quando a equipa pretende jogar com as linhas mais adiantadas (a propósito deste último, faz-me alguma confusão alguma incapacidade de Moreira ou Quim e de Rui Patrício em fazê-lo bem, ao contrário de Helton ) .
Concluindo, do guarda-redes espera-se actualmente um muito maior conjunto de características. 
O que faz dissipar de certa forma a importância da altura.
O que me impede de concordar a 100% com as afirmações de Jorge Jesus. Contudo, e como é óbvio, em guarda-redes de valia semelhante, a altura será sempre um factor de 'desempate', no sentido do elemento mais alto.
E que me perdoe José Mota (que também o sei, no final do jogo quis unir, proteger e motivar ainda mais o grupo em geral e Beto em particular) mas mesmo considerando Beto um excelente guarda-redes, no cômputo geral, prefiro Eduardo.
E considero-os, analisando não características individuais, mas exibições em 2008/2009, os dois melhores guardiões do campeonato.

PS: Fazendo uma espécie de 'Prós e Contras' às declarações de Jesus vemos por exemplo, que Vítor Damas e Michel Preud Homme conseguiram ser extraordinários guarda-redes com menos de 1,85m. Manuel Bento então, nem se fala. No entanto, hoje em dia, olhando para aqueles que considero os melhores guardiões do futebol europeu, constatamos que Casillas, Buffon, Cech, Van der Sar, Júlio César ou Boruc têm todos altura superior a 1,85.

A FUNDAMENTAL AUSÊNCIA DE VALDÉS NO MODELO BARÇA

Quando Johan Cruyff despediu Zubizarreta no aeroporto de Atenas, depois da humilhante derrota contra o AC Milan de Capello, seguramente não imaginava que teria de passar uma década até que o Barcelona encontrasse um guarda-redes capaz de interpretar perfeitamente a sua filosofia de jogo. Os adeptos blaugrana esperam agora não ter de esperar uma década mais até que Victor Valdés tenha sucessor. Porque o seu papel no modelo Barça é fundamental.
Quando Valdés erra, com os pés, a maioria dos adeptos e analistas activa de imediato o modo crítico. Esquecem-se, talvez, que o catalão é um dos poucos guarda-redes do Mundo que utiliza os pés mais do que as mãos. É isso que se lhe exige, foi para isso que foi treinado desde pequeno. Valdés é o sucessor mediático de Grosics, o polémico e incendiário guarda-redes húngaro da Aranyascap orientada por Gustav Sebes. Quando os ensinamentos da escola danubiana viajaram, primeiro para Amesterdão e depois para Barcelona, a ideia de um guarda-redes capaz de jogar com o resto da equipa vinha na mala. E ficou. Ao contrário dos guarda-redes sul-americanos, que com os pés desafiam a sua natureza e sonham com algo mais que só o sonho potrero pode aspirar, Valdés utiliza os pés com critério. O mesmo critério que todos os outros colegas de equipa e, tantas vezes, superior ao de muitos rivais. Numa equipa de tracção à frente, que concede poucas ocasiões, o trabalho do guarda-redes é fundamental. Valdés foi herói em Paris, quando Henry teve a Champions League no bolso. 
Foi também fundamental em aguentar o assédio do Manchester United em Roma, até que a combinação Iniesta, Xavi e Messi começou a funcionar. E durante estes últimos dez anos foi o único guarda-redes que soube compreender a natureza da baliza do Camp Nou. Entre o basco Zubizarreta e ele passaram uma infinidade de guarda-redes, todos de características muito distintas mas com um ponto em comum: nenhum sabia manejar bem a bola com os pés. Nem Vitor Baía, nem Ruud Hesp, nem Roberto Bonano, nem Francesc Arnau, nem Robert Enke, nem sequer Pepe Reina, forjado na mesma filosofia, entenderam tão bem como Valdés o que lhe era exigido. 
Ser o primeiro a fazer jogar.

Guardiola defendeu sempre Valdés como peça nuclear do seu modelo de jogo. Não só porque sabia sair a jogar com os pés, oferecendo o homem extra na defesa que ele sacrificava para enviar ao ataque. O seu 3-3-4 às vezes tornava-se num 4-3-4 porque Valdés subia no terreno e oferecia uma alternativa de passe extra ao jogador com a bola. Os colegas sabiam que podiam confiar nele. Errou. Algumas vezes errou. E por ser o guarda-redes, o último homem à face da terra, a equipa pagou o preço. Mas não abdicou da sua forma de jogar. Não por um erro, nem por mil. Muitos criticaram o técnico catalão pela sua fidelidade a Pinto - um guarda-redes bem distante da escola blaugrana mas peça fundamental no balneário - ao fazê-lo jogar a final da Copa del Rey que Cristiano Ronaldo decidiu com um golpe de cabeça impossível a favor do Real Madrid. Mas nesse momento a transcendência de Valdés não se notou no golo sofrido mas sim nos problemas que os catalães encontraram ao sair com a bola controlada. Na semana seguinte, Valdés voltou a demonstrar a sua inteligência de jogo, não saindo com a bola controlado mas com um lançamento longo preciso que leu o desmarque de Pedro com a mesma inteligência de jogo que um passe de Xavi teria tido uns metros à frente. O Barcelona marcou e fechou a polémica meia-final da Champions League. Seria a terceira medalha ao peito do guarda-redes, o mais laureado dos guarda-redes espanhóis em provas da UEFA. Dez anos depois de van Gaal lhe ter dado a primeira oportunidade, Valdés está farto. Sofreu a pressão dos maus anos de Rijkaard, nunca conquistou definitivamente a admiração do próprio público, o mesmo que duvidava do valor de Xavi e Iniesta antes da chegada de Guardiola, e não gostou sobretudo de ter sido o bode expiatório das derrotas e o nome silenciado nas vitórias. É um homem de desafios extremos, amante do surf e dos desportos radicais, filho de uma geração da Masia que, salvo ele, não triunfou como se esperava. Antes dele já estavam Puyol e Xavi, logo a seguir veio Iniesta, Messi e companhia, mas ele surgiu sozinho. E sozinho vai partir. Deixará saudades e sobretudo um vazio que os directivos ainda não sabem como preencher. Porque, fiel à sua formação, é um guarda-redes único. Na cantera blaugrana há jovens com potencial mas que precisam de muitos anos e minutos para chegar à excelência que este projecto exige. E no mercado não deixa de haver grandes guarda-redes, como Vitor Baía o foi, mas cujo o valor fica para segundo plano quando a exigência de enquadrar-se num esquema já custou tanto a Ibrahimovic ou Villa, no outro extremo do terreno de jogo.

Valdés nunca se consagrou como o grande guarda-redes espanhol porque a sombra de Casillas é imensa e incontestada. Mas o seu percurso profissional é um exemplo perfeito de como uma filosofia de jogo é capaz de gerar jogadores para posições distintas mas com o mesmo ADN. Qualquer que seja o clube que o receba, terá um reforço radicalmente diferente à sua forma de jogar. Qualquer que seja o seu substituto, perderá sempre na comparação com a essa entrega ao projecto Barça. No final, Valdés e o Barcelona estão feitos um para o outro e a separação, como sucedeu com Lennon e McCartney, trará mais problemas a ambos do que soluções.

JORNAIS

ENTREVISTA:

TREINO DE GUARDA-REDES


Tirou mais um curso no estrangeiro 

Paulo Fortunato vai ser treinador profissional

Carlos Pires, Luís Castro e Paulo Fortunato

Paulo Fortunato treinador de guarda-redes, funções que desempenhou em diversos clubes da margem sul e outros da região de Lisboa onde se inclui o Belenenses e actualmente o Odivelas Sad, acaba de concluir mais um curso no estrangeiro.
Desta vez foi em Itália na Associazione Italiana Preparatori Portieri di Calcio, em Peschiera del Garda, Veneto, de 29 de Maio a 1 de Junho.
Por considerar que todas as acções de formação são sempre uma mais-valia, Paulo Fortunato diz que o objectivo passa por “obter uma máxima aprendizagem como treinador de guarda-redes, cursos que não existem em Portugal.
Através de um amigo e também colega de profissão, Carlos Pires (ex-Olympiacos) soube da existência de dois cursos, um em Itália e outro na Escócia.
E, optei por este”.
Paulo Fortunato mostra-se bastante satisfeito por ver o seu curriculum mais enriquecido com mais uma acção de formação tirada no estrangeiro porque “estes países estão muito mais à frente no desenvolvimento do treino.
A grande diferença de Itália e Espanha é que os treinadores partilham o treino que fazem nas suas equipas, e em Portugal parece a visibilidade de cada treino que não é partilhado com receio que fiquem a saber tanto como eles.
Se por cá também se partilhasse e debatesse o treino, todos ficariam em pé de igualdade.
Seria óptimo para todos”.
Quanto ao seu futuro, Paulo Fortunato que actualmente trabalha no Odivelas Sad com Luis Andrade, ex-jogador do Benfica e Sporting, onde acabam de conquistar o título de campeão distrital a uma jornada do fim do campeonato, diz que por enquanto só pode dizer que vai ser treinador profissional.
“É para isso que trabalho todos os dias, com o objectivo de conseguir chegar mais longe.
Em breve espero poder dar notícias mais concretas.
Já agora aproveito para deixar uma palavra de agradecimento ao Carlos Pires que para mim é um dos melhores treinadores portugueses de guarda-redes”. 


 APPORT GARDA 2013 CARLOS PIRES, LUIS CASTRO, PAULO FORTUNATO
BEIRA-MAR LEVA FESTA à MUTELA
SUBIDA DE DIVISAO 2008/2009
BEIRA-MAR DE ALMADA
 JOAO LUIS É O NOVO TREINADOR DO BEIRA MAR DE ALMADA
QUERO SER SEMPRE TREINADOR DE GUARDA-REDES
 HISTORIA DO DIA
 OS INVENCIVEIS DO RESTELO

ENTREVISTA: FUTEBOL DE PRAIA Paulo Fortunato na Selecção Nacional do Azerbaijan

No dia 12 de Janeiro parte para a Rússia


“É a concretização de um sonho e a compensação de ter


andado a estudar o treino de guarda-redes”

























Paulo Fortunato em entrevista ao nosso jornal, em Junho deste ano, havia dito que iria ser profissional de futebol e o sonho finalmente tornou-se realidade.
O ano de 2014 vai marcar um novo ciclo de vida na sua carreira desportiva porque irá fazer parte da equipa técnica de Zé Miguel (ex-seleccionador nacional de futebol de praia), na selecção do Azerbaijan.
O contrato está assinado, terá a duração de dois anos e no dia 12 de Janeiro já tem viagem marcada para St. Petersburgo (Rússia) onde se irá juntar à comitiva da selecção azeri que ali vai realizar um estágio de 10 dias com vista aos seus compromissos internacionais.
Natural da Costa de Caparica e actualmente com 35 anos, Paulo Fortunato representou como jogador [guarda-redes] os Belenenses, Clube Futebol Benfica, Terras da Costa, Pescadores Costa de Caparica, Trafaria, União de Algés, Charneca Caparica, Vale de Milhaços, Sporting Ferreirense e ainda o G. D. Estoril-Praia no futebol de praia. Como treinador de guarda-redes passou pelo Beira Mar de Almada, Trafaria, Os Belenenses (juniores), Almada AC e Odivelas Sad, onde se encontrava actualmente.
No seu curriculum conta também com a participação em alguns estágios (Olimpiakos) e congressos (Espanha) e possui cursos tirados no estrangeiro (Itália). 
Vamos então saber como é que surgiu a oportunidade de ingressar na selecção nacional de futebol de praia do Azerbaijão e como está a viver o momento que antecede a sua partida para terras tão longínquas.


“Quando atendi o telefone não queria acreditar”

Um dos seus objectivos era ser profissional de futebol. Finalmente surgiu a oportunidade. 
Como é que se sente neste momento e como é que surgiu o convite? Quando atendi o telefone não queria acreditar. Pensei que era uma brincadeira de amigos, tinha acabado de chegar de madrugada de um congresso internacional de futebol que se realizou na Corunha.
Fiquei muito feliz por se terem lembrado de mim. É a concretização de um sonho e ao mesmo tempo a compensação de ter andado nos dois últimos anos só a estudar o treino de guarda-redes. A sabedoria não ocupava espaço mas nos dias que correm estar dois anos sem trabalhar só para realizar um sonho. Mas quem trabalha sério e honestamente acredita e foi o que me aconteceu, graças à minha esposa e especialmente aos meus sogros porque os cursos no estrangeiro são muitos caros, mas agora aí está a recompensa. 


Trabalhar com uma pessoa que já foi seleccionador nacional de futebol de praia, será certamente motivo de satisfação para si?

Sem dúvida que vai ser uma grande satisfação poder trabalhar com um treinador com grande nome mundial na modalidade.
O aprender vai ser a palavra-chave. Esta vai ser a sua primeira experiência no futebol de praia como treinador de guarda-redes? É verdade, vai ser a primeira experiência como treinador de guarda-redes no futebol de praia, mas com ajuda do mister Zé Miguel não vai ser difícil porque foi simplesmente um dos melhores se não mesmo o melhor guarda-redes mundial de futebol de praia.

“Esforcei-me muito para conseguir o êxito”

Ir para um país como o Azerbaijão, não o assusta? Não me assusta. Ao longo de seis temporadas esforcei-me muito para conseguir o êxito. Fiz muitos sacrifícios, estudei línguas e aí está a minha salvação. Depois vou com um treinador português e tenho o apoio da família e hoje em dia com as modernices da informática tudo fica mais perto

É nesta variante do futebol que se espera especializar ou o seu objectivo passa pelo verdadeiro futebol?
Muito boa esta pergunta. Sempre que estudei, pensei no futebol de onze e no trabalho dos guarda-redes, dentro deste.
E agora vai ser na variante do futebol de praia que vou ter que me focar. Quem sabe o futuro (hoje em dia não podemos dizer que não a nada), temos é de aproveitar o momento, estudar e desfrutar, quanto ao futuro só Deus sabe.
ESTA É A CONCRETIZAÇAO DE UM VELHO SONHO


O TRISTE FIM PARA O HOMEM SEM LUVAS

Ficou para a história como o número 1 da etapa mais bem sucedida da história do futebol luso. Aposta pessoal de um seleccionador polémico, Ricardo Pereira foi sempre um guarda-redes capaz de despertar ódios e paixões. Três anos depois do inicio da sua aventura espanhola, o homem que parava penaltys sem luvas caiu no abismo do esquecimento. Já não há lugar para ele no mundo do futebol. A noticia surpreende poucos.
Quem seguiu a decepcionante campanha do Bétis da passada época, cedo percebeu que Ricardo estava destinado a não voltar a pisar o relvado do Benito Villamarin, ainda conhecido actualmente pelo nome do seu último e polémico presidente, Ruiz de Lopera.
O guardião português foi um dos investimentos mais caros da equipa andaluza há três temporadas, mas revelou-se igualmente um dos maiores fiascos do clube bético.
A porta da saída ficou aberta mas ninguém mostrou interesse em arriscar uma contratação repleta de riscos. Altos riscos.
Inevitavelmente, o mercado fechou e com ele o fim da aventura no Bétis de Ricardo Pereira.
Em 25 vagas livres, nenhuma sobrou para o guardião. O jogador está, actualmente, no limbo desportivo. De onde talvez nunca mais volte a sair. A polémica à volta de Ricardo em Sevilla ganhou contornos bem similares aqueles que marcaram a carreira do guarda-redes em Portugal.
A intermitência das suas exibições, oscilando entre o genial e o deprimente, rapidamente dividiu as bancadas verde e brancas de Sevilla. Até que a queda na Liga Adelante ditou a sentença final para Ricardo. Os adeptos nunca mais o perdoariam, os treinadores raramente voltariam a correr o risco de lhe entregar as redes do clube bético. Nem a última etapa com Luis Filipe Scolari ao mando salvou a sua reputação. Os seus erros frente à Alemanha nos Quartos de Final do Europeu de 2008 fecharam as poucas portas que ainda se podiam abrir para um homem habituado a desafiar o inevitável. Ricardo conheceu os seus primeiros dias de glória no histórico Boavista de Jaime Pacheco. Natural do Montijo (nasceu em Janeiro de 1976), o guardião começou a carreira no clube local antes de se transferir para o Boavista, onde surgiu como a terceira opção durante dois anos. O final da carreira do histórico Alfredo abriu-lhe a oportunidade de estrear-se, em Fevereiro de 1997, como titular dos axadrezados. 
Conservou o posto e tornou-se elemento chave da equipa boavisteira que disputou em 1998/99 o titulo ao FC Porto. Com Pedro Emanuel, Petit, Martelinho, Sanchez e Jorge Silva tornou-se o esteio da equipa que dois anos depois faria história ao sagrar-se, pela primeira vez, campeã nacional. Ricardo foi o guardião menos batido da época e a sua voz de comando na área tornou-o automaticamente num dos guarda-redes mais quotados da liga lusa. A chamada à selecção nacional surgiu em 2001, pela mão de António Oliveira. O seleccionador levou o guardião ao Mundial da Coreia do Sul e Japão como titular, mas um jogo inesquecível frente à China do até então lesionado Vitor Baía, fez o técnico mudar de ideias.  Baía seria o titular durante a campanha, Ricardo teria de esperar. O final da prova significou também o final da carreira do portista na equipa das Quinas. Agostinho Oliveira, primeiro, e logo Luis Filipe Scolari, recusaram-se a convocar o portista, que nos dois anos seguintes seria duplamente coroado pela UEFA como o melhor guardião europeu, e Ricardo assumiu o posto de titular. Iria mantê-lo durante seis anos, sem nunca chegar a convencer plenamente os criticos e adeptos. Dele fazem parte alguns dos momentos mais memoráveis da história do futebol luso, mas também algumas das noites mais desastradas. Já ao serviço do Sporting, para onde se transfere, não sem polémica, em 2003, o guarda-redes mostra a sua cara e cruz durante o Europeu de 2004. Ao máximo nivel contra Espanha e Rússia, Ricardo torna-se no herói do duelo frente à Inglaterra, travando dois penaltys britânicos - o último dos quais sem luvas, num gesto heróico - e apontando ele o penalty ganhador. Uma das suas especialidades que o tornaram numa celebridade europeia. Uma semana depois, no entanto, um erro de precipitação permitiria a Angelos Charisteas confirmar a surpresa, o titulo europeu grego, e lançaram nuvens sobre o futuro de Ricardo na selecção. Scolari manteve-se inflexível. Nem Baía, nem mais tarde Quim, conseguiram chegar ao posto de titular durante as campanhas do Mundial de 2006 (onde voltou a brilhar na marca das grandes penalidades frente aos ingleses, para depois ser o principal responsável da derrota com a Alemanha no último jogo) e no Euro 2008, onde voltou a mostrar o seu lado mais negro.
Por essa altura já Ricardo actuava na liga espanhola, onde a sua chegada tinha despertado muito interesse. O péssimo ano de estreia, aliado à despromoção do histórico Bétis e à sua má performance no Europeu de futebol foram o principio do fim. Carlos Queiroz, o novo seleccionador, riscou o guardião da lista (apostando primeiro em Quim e logo em Eduardo) apesar de o manter em várias pré-convocatórias. E em Sevilla os técnicos que se foram sucedendo deixaram de confiar no luso. Até à chegada de Pepe Mel, técnico recrutado ao Rayo Vallecano que tomou a imediata decisão de prescindir do homem que defendia penaltys sem luvas. Sem lugar em Sevilla, sem lugar em Portugal, sem lugar na Europa, aos 34 anos a carreira de Ricardo vive à beira do abismo. Poucos se recordam das suas memoráveis exibições durante as campanhas europeias do Boavista. O final da carreira daquele que foi, talvez, o mais polémico guarda-redes internacional português (chegou às 75 internacionalizações) pode estar perto do fim. Só o seu sangue-frio em momentos de alto risco nos permite duvidar. Haverá espaço para a ressurreição do anti-herói português?  

THE POWER OF ERROR destructive

Como é possível que um projecto tão sólido se desmorone como um castelo de cartas à primeira brisa? A persistência no erro é o primeiro passo para a derrota e os factos destroçam a mais simples das lógicas. Um pequeno ajuste transformou-se num imenso problema e no meio de tanta confusão, essa pequena alteração foi suficiente para transformar a galinha dos ovos de ouro num novo idolo de pés de barro. Depois de ser consagrado, de forma unânime, como o guarda-redes do ano, Quim viu o seu treinador dispensá-lo em directo, num programa desportivo.  A forma como Jorge Jesus se referiu ao seu ainda guardião deve perseguir agora o técnico da Amadora, noite após noite.
O pequeno Quim não tinha o carisma e atitude necessários para transformar-se num guardião que ganha jogos, pontos... titulos.
Já durante a época o técnico tinha promovido uma inusitada dança de guarda-redes, entre Julio César (e os seus erros europeus) e Moreira, o eterno subaproveitado. Mas nenhum o tinha convencido, realmente.
Nem o jovem contratado há vários anos ao Salgueiros, nem a sua expressa petição pessoal, nem muito menos o titularíssimo da Luz. 
Com Quim fora do baralho, as opções no mercado extendiam-se aos pés do recém-consagrado campeão nacional.  O feito histórico de devolver o Benfica ao primeiro lugar transformou o competente treinador na nova "galinha dos ovos de ouro" para os encarnados. As suas decisões tornaram-se inquestionáveis. Dessa forma, poucos foram os que realmente sairam a dar o peito às balas quando o técnico e o seu director desportivo, Rui Costa, anunciaram que o tal guarda-redes com carisma, atitude e capacidade para ganhar titulos era o relativamente desconhecido Roberto. Uma escolha (a terceira em Madrid) que custava o que nenhum guardião, com a excepção do imenso Gianluigi Buffon alguma vez custou. Um preço modesto para tanto talento que tinha, entretanto, passado desapercebido por essa Europa fora onde a posição do número 1 é sempre um caso sério a rever. Afinal, não tinha o Bayern Munchen chegado à final da Champions League com um tal de Hans Jorg-Butt nas redes?


Roberto foi sempre um erro de casting, já aqui o dissemos. Nem faz parte da geração de elite de porteros espanhóis, nem sequer é um nome consensual entre os seus.  A sua chegada, rodeada de pompa e circunstância, a uma equipa a quem muitos tinham otorgado o papel de dominador absoluto do futebol luso para os próximos anos.
O projecto milionário encarnado tinha, depois de quatro anos, dado os seus frutos e, nas palavras do seu treinador, a Champions League era um objectivo tão real como o "
Bicampeonato". Para isso, para essa ambição europeia, a mesma que destroçou o Benfica pós-Erikson e pós-1994, trocou-se o seguro pelo duvidoso. Um erro, sem dúvida.  Um erro crasso que os primeiros jogos do ano, a valer ou não, foram desmontando. A insegurança do espanhol é evidente, a sua incapacidade para comunicar-se com os colegas do sector notória. No entanto, os erros técnicos que evidenciou na pré-temporada e no jogo de sábado, na Madeira, são mais preocupantes do que qualquer problema de comunicação. Demonstram uma inépcia que atormentam alguns guardiões por essa Europa fora, como vimos o ano passado, repetidamente, com o polaco Lukas Fabianski.
A diferença é que nenhum deles foi um recorde de transferência nem uma aposta tão pessoal de dois homens que gostam de reforçar a sua eterna fome insaciável pela glória.
Numa equipa já de por si debilitada pelas transferências do pulmão e da alma criativa da versão-campeã, contar com um guarda-redes que só transmite intranquilidade é um risco que o Benfica não pode correr.
Roberto não é o único erro de Jorge Jesus na planificação da época em que esperava a sua consagração europeia.
Gaitán, um jogador sem espaço no modelo de jogo do ano passado e na variação táctica em 4-3-3 que Jara poderá obrigar a tornar-se realidade, é outro problema sem solução à vista. Tal como o débil sector defensivo, onde a primeira linha não tem soluções à altura (que dizer deSidnei ou César Peixoto) ou a fraca forma fisica e mental de jogadores que foram pilares no conjunto campeão, como o espanhol Javi Garcia ou a dupla argentina Saviola-Aimar.
A fome de titulos para alguns está aparentemente mais saciada que para outros e o crime de cair no laxismo desportivo sempre foi o hara-kiri do conjunto encarnado desde que o FC Porto lhe arrebatou em meados dos anos 80 a supremacia do futebol luso.
Jorge Jesus vive na eterna encruzilhada do medo. Medo a falhar, a demonstrar que também erra, ao optar por preterir Roberto e voltar a lançar as suas duas apostas falhadas em 2009/2010. Ou medo a continuar a insistir no erro inicial, arriscando-se a novos sobressaltos e tropeções na corrida aos titulos que ainda discute.
O erro tem um poder destructivo.
No caso deste SL Benfica, o poder de destroçar a ilusão de que uma equipa campeão não se torna na bitola por onde se mede a qualidade da noite para o dia. No meio disto tudo, o infortúnio de Quim parece uma gota no oceano de desespero do idolo de pés de barro.

UMA QUESTÃO DE GUARDA-REDES

É impressionante a forma voraz como funciona a Comunicação Social portuguesa a pedido, a súplica, a necessidade. Depois de um ano louvando, com motivos, a genial época de Quim, um desses eternos mal amados, ninguém se pareceu preocupar com a sua dispensa e subsequente substituição por um guardião espanhol que está a anos-luz da média altíssima que exibem os "porteros" espanhóis na actualidade. Se a fama actual do grande momento que vive o futebol espanhol se deve essencialmente ao génio dos seus "bajitos", é impensável negar o brutal aumento qualitativo que se está a verificar quando se analiza, detalhadamente, a evolução desportiva, fisica e psicoloógica do guarda-redes espanhol. O que há uns anos era uma dor de cabeça, agora é uma fonte inesgotável de talento. Uma evolução espantosa que não conhece clubes, regiões ou faixas etárias particulares. Do nada, ou como se fosse, foram brotando os pequenos grandes talentos que hoje garantem que a melhor escola de guardiões da actualidade é, sem dúvida alguma a espanhola. Um titulo que já pertenceu a alemães, italianos e soviéticos, hoje todos bastante distantes da sua era dourada. Imaginar que qualquer um dos três campeões do Mundo convocados por Vicente del Bosque seriam titulares em quase 90% das selecções presentes no Mundial é dizer pouco do alto nível de qualidade que se vive no país vizinho. Para isso é preciso ver quantos ficaram de fora dessa lista. Mais do que Iker Casillas, Pepe Reina e Victor Valdés, verdadeiros génios entre os postes, é preciso não esquecer os Diego Lopez, Gorka Iraizoz, Manuel Almunia, David De Gea, Andres Palop, Sérgio Asenjo, César e afins que ficaram de fora. São eles o verdadeiro espelho desta geração. E nesta lista de 10 nomes não há espaço para Roberto Jimenez, o homem por quem o Benfica achou conveniente pagar 8,5 milhões de euros, uma cifra de recorde quando falamos do número 1. Particularmente deste.

Roberto Jimenez é herdeiro de uma celebre escola de guardiões, a do Atlético de Madrid. À beira do Manzanares nunca houve espaço para si.
A presença do argentino Leo Franco, do francês Gregory Coupet e depois de Sérgio Asenjo, uma das grandes promessas do futebol espanhol, foram sempre impedimentos para conquistar a afficion colchonera. Incapaz de mostrar aí o seu valor, Roberto teve de viajar por essa Espanha fora à procura de minutos. Esteve na triste campanha de despromoção do Recreativo de Huelva, onde passou sem grande brio. No ano passado, superado pelo jovem David De Gea, de apenas 19 anos, foi forçado a rumar emprestado ao Zaragoza, para disputar a segunda volta.  Ajudou a equipa a manter a categoria, sofreu 17 golos em 15 jogos e não deixou particulares saudades.
Nem aí, nem em nenhum lado. Este ano não tinha clube, nem destino.  Até que apareceu Jorge Jesus, preparado para ordenar outro profeta.
Depois de um ano onde manteve na baliza um constante foco de instabilidade, sempre mostrando pouca confiança no trabalho de Quim, o técnico encarnado conseguiu um dos seus principais objectivos. Garantiu a dispensa do internacional e mandou vir do país vizinho um guardião com pouca aura e algum potencial. Depois de ter contratado Julio César ao Belenenses, de manter Moreira e de andar pelo mercado juvenil a contratar um jovem guardião esloveno (Jan Oblak), o espanhol torna-se no terceiro "portero" que o técnico encarnado decide levar para a Luz. Num posto onde, precisamente, o que se procura é longevidade. E segurança. Essa segurança que Robertonunca deu no seu passado. Essa mesma (in)segurança que não tem dado no presente.
Mais do que os golos sofridos, e a forma como foram concedidos, é o olhar inseguro que delata Roberto. Não tem a frieza dos dez nomes acima citados, muitos deles com um valor de mercado infinitamente menor do que o Benfica decidiu pagar pelo guardião. E no entanto está aí, camisola com águia ao peito, preparado para suster os ataques rivais.
E se a liga portuguesa não é propriamente uma prova muito rematadora, particularmente com o sem número de equipas que gosta de rematar como quem controla as balas na camara da pistola, já o espectro europeu, onde este Benfica quer e deve fazer boa figura, o cenário muda claramente. E Roberto não parece ser, claramente, o homem certo para o trabalho.
Se a direcção e o técnico encarnado se mostraram hábeis no último defeso, com contratações cirúrgicas e acertadas, também é verdade que os erros de Jesus e companhia começam a subir de forma alarmante. Do lateral Patric que caiu rapidamente no desconhecimento, ao ineficaz Shaffer, sem esquecer Felipe Menezes, Kardec ou o próprio Júlio César, preterido uma vez mais, é fácil ver que a taxa de acertos e de falhos anda bastante mais equilibrada do que a tal Comunicação Social, cuja única missão é vender, custe o que custar, mais um jornal, nos quer fazer crer. Roberto até pode adaptar-se ao esquema encarnado, realizar uma época de sonho e ser vendido pelos muitos milhões que ninguém viu mas que muitos alardearam. Mas na era de ouro do desporto espanhol, no periodo mágico da vida dos "porteros", o seu nome não aparece por nenhum lado. 
Por algo será.

WELCOME

Bem-vindo ao meu Blog
Minha vida profissional e desportiva sempre esteve ligada ao futebol, para o papel do guarda-redes e formação específica, tornando-se por muitos anos o meu trabalho principal.
Eu tive sorte o suficiente para treinar em quase todas as categorias.
Todas essas experiências, reuniões com técnicos, o guarda-redes, a sociedade, as diferentes culturas fizeram de mim o que sou hoje crescer mais do que um professor que não quer parar de aprender.
Então eu vou tentar compartilhar com vocês a minha paixão.
Divirta-se e um grande abraço a todos!

Paulo Fortunato ⚽️










CURRICULUM

NOME: PAULO FORTUNATO
ANO NASCIMENTO: 1978
NATURALIDADE: COSTA DA CAPARICA
NACIONALIDADE: PORTUGUESA
EMAIL: paulofortunato78@gmail.com
TELF: +351 92 68 49 738

TREINADOR DE GUARDA-REDES:

2008/2009 Beira Mar de Almada
2009/2010 Beira Mar de Almada
2010/2011 Clube Futebol Trafaria
2010/2011 Belenenses SAD SUB-19
2011/2012 Almada Atlético Clube
2012/2013 Odivelas SAD
2013/2014 Odivelas SAD
2014 SELECAO NACIONAL AZERBAIJÃO
2015 SELECAO NACIONAL AZERBAIJAO
2015/2016 AD Carregado
2016 CASA BENFICA LOURES (Praia)
2017 CASA BENFICA LOURES (Praia)
2018 CASA BENFICA LOURES (Praia)
2019 GDP Costa Caparica (Praia)
2019 Club Sport Marítimo (Praia)


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2008/2009 Subida de Divisão
2011/2012 Subida de Divisão
2012/2013 Campeão
2013/2014 Subida de Divisão
2014 Participação Super-Final da Liga Europeia em Torredembarra Espanha
2014 Participação na Qualificação para o Campeonato do Mundo em Jesolo
2015 Participação Super Cup da Europa em Baku Azerbaijan
2015 Participação Super-Final da Liga Europeia em Siofok Estônia
2015 Participação 1st European Games em Baku Azerbaijan
2016 Vencedor Taça AFL
2017 Vencedor Taça de Lisboa
2018 Campeão da Liga de Inverno

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