sábado, fevereiro 23, 2013

ESPECIFICIDADE DO EQUIPAMENTO DO GUARDA-REDES 5

Segundo Andreasson & Pearson (1992), os protectores (caneleiras) são o material mais importante para a protecção e prevenção das lesões dos guarda-redes, da mesma forma que o são para os outros jogadores.
A
Federation International Football Association decidiu o uso obrigatório das caneleiras para todos os jogadores. Infelizmente não existe uma norma internacional estandardizada ou procedimentos disponíveis para a concepção e utilização das mesmas. 

A nível nacional, a Federação Sueca de Futebol, aprovou para este efeito uma norma estandardizada (citado por Eklbom, 1999). 
O guarda-redes corre o risco de sofrer não só contusões mas também abrasões e lesões de queimaduras por fricção ao lançar o seu corpo ao solo.
As contusões devem prevenir-se utilizando calções e/ou calças almofadadas, especialmente nas zonas das rótulas e dos grande trocanteres (Restrong e cols. 1977, citados por Eklbom, 1999).
Segundo os mesmos autores, a utilização do equipamento completo é a melhor maneira de prevenir os abrasões e as lesões de queimaduras.
De referir que em relva artificial o guarda-redes deve utilizar umas calças mais largas a fim de evitar o contacto entre a relva e a pele.
Com uma prevenção adequada, uma limpeza cuidadosa das feridas, estas lesões originadas de queimadura por fricção podem considerar-se um problema menor.

6 - A LESÃO DESPORTIVA 

Não há definição comum, nem todos os autores estão de acordo em formular um conceito para a lesão desportiva. Para alguns autores uma lesão deve considerar-se desportiva se está relacionada com o desporto e mantém o desportista fora da competição, tendo necessidade de atenção médica (Keller et al, 1988). Segundo o Conselho da Europa, a lesão desportiva foi definida como qualquer limitação funcional óssea, muscular, tendinosa ou articular adquirida durante a prática da actividade física causando uma ou mais, das seguintes consequências: redução da actividade desportiva, necessidade de tratamento ou aconselhamento médico e/ou interrupção da actividade desportiva.
Estima-se que na Europa, cerca de 50-60% de todas as lesões desportivas e cerca de 3,5-10% das lesões tratadas em hospital, se devem ao futebol (Franke, 1977; Ekstrand, 1982).  Um problema fundamental associado à valorização epidemiológica dos dados existentes sobre lesões desportivas, é a maneira inconsistente de definir o que é uma lesão, bem como a forma como se regista e recolhe a informação. A literatura actual sobre a epidemiologia das lesões do futebol assenta sobre uma diversidade de definições acerca do que é uma lesão.  Para que a comparação dos dados recolhidos em futuros estudos sobre futebol e a comparação de dados de lesões no futebol com os dados existentes noutras modalidades tenham sentido, torna-se necessária uma definição universal do que é uma lesão atlética.
Ekstrand y Gillquist (1983) e outros autores usaram uma definição comum de lesão como um evento que se produz durante as partidas ou durante a prática programada, tendo como consequência a paragem do jogador, não só nos treinos, mas também nos jogos.
Sugeriu-se que apenas se inclui nestas estatísticas aquelas lesões que dêem lugar a perdas de tempo na prática ou no jogo.
Segundo Nunes (1999), a maioria das lesões desportivas é resultado de um traumatismo "externo", de forças dinâmicas internas ou de um esforço de sobre uso de certas estruturas.


Mas podemos encontrar factores predisponentes para o aparecimento de certas lesões de natureza interna, assim como: morfotipo do atleta, índice de flexibilidade, gesto desportivo, qualidade dos pisos,...; este tipo de lesões pode ser diminuído se houver uma forma de prevenção, ou seja, verificar antecipadamente os aspectos que poderão colocar o atleta em situações de risco para em seguida conseguir modificá-los antes de causar a lesão ou levar ao aparecimento desta.
É de salientar alguns pontos importantes nas causas intrínsecas, já que estas surgem sem haver contacto/agressão de um agente externo, mas podem ser consideradas como tal, devido a existir um desequilíbrio entre as capacidades do atleta e as solicitações que lhe são impostas pelo gesto desportivo.


Portanto, temos as seguintes situações: 1. Agudas – macrotraumáticas (directa ou indirecta): poderão surgir após um movimento brusco (exemplo: no início da actividade sem realizar o aquecimento devido, poderá levar ao aparecimento de lesões musculares nos quadricípes);
- Pode também ocorrer agudização da doença crónica;


2.
Crónicas: são lesões que se mantêm ao longo de um certo tempo, passando por situações de remissão e de exacerbação das queixas, estas poderão ser causadas por repetidas situações de lesão na estrutura sem ter existido um recuperação completa (exemplo: instabilidade na tíbio- társica devido a entorses de repetição);
- Sobrecarga (
overuse): surgem de forma lenta, gradual e progressiva, devido a uma mudança brusca de exigências da prática desportiva, sem que o atleta se consiga ir adaptando. 
Vai criando microtraumatismos, que não originam situações agudas, mas devido à sua frequência e repetição atingem um elevado grau das suas capacidades e acabam por provocar lesão (exemplo: dor na canela, típica nos fundistas, surge após a mudança de piso e de aparecimento gradual).

7 - GRAVIDADE DA LESAO DESPORTIVA 

Para se classificar a gravidade da lesão desportiva foram utilizadas as classificações propostas por Marti et al. (1988) e o tempo de afastamento da prática desportiva, definida segundo a nomenclatura do NAIRS (National Athletic Registration System).

Os três graus de lesão propostos são definidos da seguinte forma:

- Grau I: o atleta manteve toda a actividade dos treinos e competições independentemente da dor;
- Grau II: o atleta diminuiu a duração e a intensidade dos treinos em função da dor;
- Grau III: o atleta interrompeu por completo e involuntariamente os treinos, pelo menos, por duas semanas.

O NAIRS classifica as lesões de acordo com o período de afastamento da prática desportiva, isto é, leve (de 1 a 7 dias), moderada/séria (de 8 a 21 dias) e séria (mais do que 21 dias ou permanente debilidade).


Para Nilsson e Roaas (1978) quando existe uma lesão ligamentar, esta classifica-se em três grau de gravidade:

- Grau I (ligeiro):
envolve algumas fibras do ligamento, tem dor quando é colocada em
stress, fica com um pequeno edema, não há aumento da laxidez articular e há uma ligeira diminuição da funcionalidade.

- Grau II (moderado): envolve uma porção considerável de fibras do ligamento, tem dor à tensão, aparece um edema moderado, há aumento da laxidez no final do movimento, mas o final do movimento é firme e há diminuição moderada da estabilidade mecânica da estrutura.

- Grau III (severo): ruptura completa das fibras do ligamento, pode ser doloroso à tensão, aparece edema severo, mostra grande laxidez articular sem fim firme e há um aumento considerável da instabilidade articular. 29

CAPITULO II
METODOLOGIA

1. Caracterização do estudo

Os dados e informações colectados e sistematizados neste estudo sobre as lesões mais frequentes nos guarda-redes da I e II Liga Portuguesa na época desportiva 2003/2004, conforme já foi referido na introdução deste trabalho, são, essencialmente de natureza descritiva.
Procurou-se caracterizar, numa população dos guarda-redes portugueses, o conteúdo e as características do treino, as lesões desportivas na época de 2003/04 e ainda as lesões mais significativas anteriores a este período, verificando a associação entre factores extrínsecos e intrínsecos bem como a gravidade das lesões.


2. Amostra
A amostra do estudo foi constituída por 53 guarda-redes pertencentes às equipas da I e II Liga Portuguesa, na época de 2003/2004.
De referir que a amostra previa inicialmente 70 guarda-redes, mas, por diversas razões (pessoais ou institucionais) alguns dos atletas não responderam ao questionário.


Pensamos que esta recusa de resposta se poderá dever/explicar por 3 ordens de factores: 1) falta de conhecimento das suas lesões ou falta de interesse em as divulgar;
2) por serem atletas que estão sujeitos a um treino específico e de grande carga;
3) Outros factores (ou por estarem ligados à muito tempo ao clube ou devido aos programas de treino).


3. Método utilizado – Questionário
Dados descritivos sobre a lesão, como a taxa de incidência por exposição e a severidade podem ser avaliados utilizando questionários ou entrevistas individuais.

Segundo Ghiglione & Matalon (1993) a classificação do inquérito deve ser feita segundo a sua objectividade e directividade, ou seja, quanta liberdade de resposta é dada ao inquirido: de um lado a entrevista não directiva e, do outro, o questionário fechado. 
Os mesmos autores apontam que o termo entrevista é usualmente associado ao não directivismo, enquanto que o questionário sugere a ideia de preparação prévia do conteúdo a ser tratado. Por outro lado, Moreira (1994) define o questionário como o mais rápido e estruturado tipo de entrevista, tendo uma formulação e ordenação rígida de perguntas. As respostas apresentam um conteúdo relativamente limitado, pois os inquiridos têm pouca liberdade nas respostas, ordenadas conforme as informações necessárias para o controle das hipóteses formuladas na investigação. Os questionários proporcionam uma mistura de opções que devem ser consideradas numa avaliação a respeito da sua utilização. 

Dentro dos vários aspectos destacam-se: 1) podem ser utilizados num grande número de pessoas, por um baixo custo, sendo frequentemente utilizados nos estudos epidemiológicos;

2) não alteram o comportamento dos sujeitos;

3) possibilitam o acesso às várias dimensões do comportamento da actividade de treino, abrangendo diversas idades, estando adaptado às necessidades específicas da população (Sallis & Owen, 1998).
O instrumento utilizado foi o questionário (anexo 1), organizado e estabelecido a partir das necessidades do estudo e pelo planeamento em conjunto do pesquisador e orientador.
No entanto, os questionários disponíveis na literatura não apresentam abrangência suficiente que permitisse colectar os dados necessários para este estudo. 
Desta forma, para se obter as informações necessárias, elaborámos, com o intuito de obter uma maior consistência, o questionário a ser aplicado com base na colecta de informações sobre as lesões dos guarda-redes, por um lado, através de uma recolha e estudo de tópicos existentes em questionários elaborados para outras modalidades, por outro, questionando e recolhendo informações através de depoimentos de profissionais que treinam nesta área. O questionário utilizado foi elaborado ao longo de quatro fases. Na primeira fase, realizamos uma recolha exaustiva de dados contidos na literatura referentes ao treino de guarda-redes, consultámos treinadores de futebol, treinadores de guarda-redes e agentes de medicina desportiva, resultando um primeiro esboço do questionário com 23 perguntas. 
Na segunda fase o questionário provisório foi submetido a uma análise prévia das pessoas questionadas na primeira fase.O objectivo desta etapa foi obter uma maior integração entre os itens listados, corrigir possíveis falhas e receber novos dados acerca do problema.
Por sugestão dos mesmos foram realizadas algumas alterações na formulação das questões e na organização estrutural do questionário.
Na terceira fase realizámos um pré-teste que envolveu a aplicação deste questionário numa amostra reduzida, constituída por quatro guarda-redes, dois agentes de medicina desportiva, um treinador de futebol, um preparador físico e um treinador de guarda-redes de futebol. 

No diálogo posterior ao preenchimento dos questionários, os participantes expuseram as suas dificuldades e dúvidas, a fim de detectar possíveis ajustes a serem realizados. Na última fase verificámos se o questionário recolheu as informações suficientes para responder aos indicadores relacionados com as hipóteses levantadas. 
O questionário é constituído por uma parte inicial relativa aos dados sócio-demográficos e à experiência profissional dos atletas. Seguidamente, o questionário apresenta 6 questões relativas aos dados antropométricos dos atletas. 

Com o intuito de obter dados relativos ao treino, o questionário apresenta um tópico dividido em três alíneas:
dados relativos ao treino em geral (3 perguntas); dados relativos ao treino especifico de guarda-redes (4 perguntas); condições de treino (2 perguntas). 

O questionário por nós elaborado apresenta ainda uma pergunta cujo intuito é saber qual ou quais as lesões que os atletas tiveram até à época 2002/2003, a sua gravidade e o tempo de inactividade. 
O último parâmetro do questionário prende-se com as lesões relativas à época 2003/2004. 
Para cada lesão, o questionário apresenta 15 questões cujo objectivo é saber qual a lesão e sua gravidade, o tipo de actividade em que ocorreu, bem como os meios utilizados na reabilitação da mesma.

4. Procedimentos estatísticos
Após a recolha dos dados, utilizamos o programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) versão 11.5, para a análise dos mesmos através da realização de tabelas de estatística descritiva e de tabelas de frequência para as variáveis em questão. 32 33

CAPITULO III
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

1. Caracterização da amostra 

A amostra é constituída por 53 guarda-redes pertencentes às equipas que disputaram os campeonatos profissionais de futebol da Liga Portuguesa na época 2003/2004.
Em anexo são apresentados alguns dados, que após uma análise mais cuidada dos mesmos, verificamos que ou não tinham pertinência para o estudo, ou então devido à complexidade das questões, não foram preenchidos correctamente.

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WELCOME

Bem-vindo ao meu Blog
Minha vida profissional e desportiva sempre esteve ligada ao futebol, para o papel do guarda-redes e formação específica, tornando-se por muitos anos o meu trabalho principal.
Eu tive sorte o suficiente para treinar em quase todas as categorias.
Todas essas experiências, reuniões com técnicos, o guarda-redes, a sociedade, as diferentes culturas fizeram de mim o que sou hoje crescer mais do que um professor que não quer parar de aprender.
Então eu vou tentar compartilhar com vocês a minha paixão.
Divirta-se e um grande abraço a todos!

Paulo Fortunato ⚽️










CURRICULUM

NOME: PAULO FORTUNATO
ANO NASCIMENTO: 1978
NATURALIDADE: COSTA DA CAPARICA
NACIONALIDADE: PORTUGUESA
EMAIL: paulofortunato78@gmail.com
TELF: +351 92 68 49 738

TREINADOR DE GUARDA-REDES:

2008/2009 Beira Mar de Almada
2009/2010 Beira Mar de Almada
2010/2011 Clube Futebol Trafaria
2010/2011 Belenenses SAD SUB-19
2011/2012 Almada Atlético Clube
2012/2013 Odivelas SAD
2013/2014 Odivelas SAD
2014 SELECAO NACIONAL AZERBAIJÃO
2015 SELECAO NACIONAL AZERBAIJAO
2015/2016 AD Carregado
2016 CASA BENFICA LOURES (Praia)
2017 CASA BENFICA LOURES (Praia)
2018 CASA BENFICA LOURES (Praia)
2019 GDP Costa Caparica (Praia)
2019 Club Sport Marítimo (Praia)


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2008/2009 Subida de Divisão
2011/2012 Subida de Divisão
2012/2013 Campeão
2013/2014 Subida de Divisão
2014 Participação Super-Final da Liga Europeia em Torredembarra Espanha
2014 Participação na Qualificação para o Campeonato do Mundo em Jesolo
2015 Participação Super Cup da Europa em Baku Azerbaijan
2015 Participação Super-Final da Liga Europeia em Siofok Estônia
2015 Participação 1st European Games em Baku Azerbaijan
2016 Vencedor Taça AFL
2017 Vencedor Taça de Lisboa
2018 Campeão da Liga de Inverno

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